A rinossinusite crónica com polipose nasal, mais comummente conhecida como polipose nasal, é uma doença inflamatória crónica, que se desenvolve ao nível das fossas nasais e seios perinasais. Esta doença benigna caracteriza-se pelo desenvolvimento de pólipos nasais – isto é, massas inflamatórias – que preenchem e obstroem as cavidades nasais, levando à instalação de um conjunto de sintomas, dos quais se destacam a obstrução ou congestão nasal, a perda de olfato e paladar, as dores de cabeça e sensação de pressão facial, tal como secreções nasais persistentes.

Artigo da responsabilidade do Dr. César da Fonte Silva.  Médico especialista em Otorrinolaringologia

 

Estima-se que a polipose nasal afete cerca de 12% da população portuguesa, sendo ligeiramente mais prevalente nos indivíduos do sexo masculino e com um aumento da prevalência com a idade, surgindo principalmente a partir dos 40 anos.

Apesar de uma incidência bastante significativa, não é largamente conhecida pela população em geral, já que os seus sintomas se assemelham, muitas das vezes, aos sintomas de uma síndrome gripal ou simples constipação. Assim, o seu diagnóstico e tratamento é frequentemente tardio, levando à instalação de estadios mais avançados da doença e à possibilidade de ocorrência de complicações.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da polipose nasal é realizado através de exame objetivo médico, nomeadamente observação das fossas nasais através de rinoscopia anterior ou endoscopia nasal. Estes procedimentos são, regra geral, realizados por médicos otorrinolaringologistas. O diagnóstico pode ser complementado com exames de imagem, como a tomografia computorizada, que permite avaliar a extensão da doença, a presença de complicações e excluir outras patologias que mimetizem os mesmos sintomas. Para melhor caracterização do tipo de polipose nasal e para verificar possível causa alérgica, podem ser realizadas análises sanguíneas e testes alérgicos.

TRATAMENTO

Tratando-se de uma doença crónica, não existe nenhum tratamento definitivo e curativo para a polipose nasal. Contudo, existem várias formas de tratamento que ajudam a reduzir ou eliminar os sintomas da doença e que evitam a progressão da mesma.

Com um diagnóstico atempado e instituição adequada de terapêutica, pode alcançar-se um controlo dos sintomas da doença e evitar a instalação de complicações. O tratamento é realizado primariamente com recurso a fármacos, nomeadamente corticoides tópicos sob a forma de sprays nasais e lavagens nasais frequentes com soluções salinas.

Em casos de persistência de sintomas, podem ser usados, em casos selecionados, corticoides orais. Em casos recidivantes ao tratamento médico, com persistência de pólipos nasais e sintomas com impacto na qualidade de vida do doente, está indicada a cirurgia endoscópica nasosinusal, com vista à remoção dos pólipos nasais e ao restabelecimento da normal ventilação dos seios perinasais.

Nos casos de polipose nasal grave, em doentes já submetidos previamente a cirurgia e com necessidade do uso de corticoides sistémicos para controlo sintomático, há ainda a possibilidade de tratamento com fármacos biológicos. Estes anticorpos monoclonais atuam diretamente no sistema imunitário do doente e bloqueiam a cascata inflamatória que leva à inflamação da mucosa nasal e à formação de pólipos.

CONSULTA DE OTORRINOLARINGOLOGIA

A polipose nasal é uma doença que, apesar de pouco conhecida pela população em geral, tem uma prevalência alta e que, quando não tratada e diagnosticada precocemente, leva a uma diminuição da qualidade de vida dos doentes, com a possibilidade de progressão da doença e ocorrência de complicações potencialmente graves. Assim, se houver a suspeita da presença desta doença deve ser feita uma avaliação por um médico otorrinolaringologista, que permitirá um diagnóstico correto e o estabelecimento do tratamento mais adequado.