A pandemia que atualmente vivemos veio acentuar a necessidade de protegermos os grupos de risco, como é o caso das pessoas com mais de 65 anos, e de quem, independentemente da faixa etária a que pertence, sofre de doenças crónicas. Estamos em plena época gripal, período, por si só, de maior fragilidade, este ano acompanhada de receios e incertezas.

 

Artigo da responsabilidade do Prof. José Alves, Médico pneumologista e presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão

 

Devo usar máscara? Devo resguardar-me? Devo vacinar-me? A resposta a estas e tantas outras questões semelhantes é: sim, devemos proteger-nos. A situação epidemiológica da pandemia de COVID-19 ainda não está consolidada, nem em Portugal, nem no resto do mundo. A época de frio que se aproxima deverá trazer consigo um aumento significativo do número de casos de infeção e, por isso, é imperativo que se reforcem as medidas de prevenção, como a imunização contra a gripe e a pneumonia.

Façamos o que está ao nosso alcance para tornar o nosso sistema imunitário mais robusto. Se para a COVID-19 não temos, ainda, uma solução, devemos apostar na prevenção do que nos é possível: felizmente, a maioria das gripes e das pneumonias podem ser evitadas através de vacinação.

GRAVE COMPLICAÇÃO

Entre as múltiplas complicações trazidas pela gripe, a pneumonia é considerada uma das mais graves. Estudos revelam que o vírus da gripe aumenta dezenas de vezes o risco de a contrair. Particularmente frequente nesta época do ano, a gripe cria condições no aparelho respiratório para que a pneumonia se desenvolva. Se dúvidas houvesse, a estatística mostra-nos que a época de maior prevalência da pneumonia coincide com os picos sazonais da infeção pelo vírus Influenza.

A prevenção através da vacinação antipneumocócica e da vacinação antigripal é a melhor forma de evitar ambas as doenças, sobretudo entre os mais frágeis, para quem uma gripe se pode transformar rapidamente numa pneumonia, e também para quem qualquer uma delas pode deixar sequelas graves ou revelar-se fatal.

Entre os grupos de maior risco encontramos as crianças, os mais idosos e os doentes crónicos. Todos têm indicação para fazer a vacina antipneumocócica, sendo que, no caso dos adultos, basta uma única dose.

TODOS PODEMOS TER UM PAPEL ATIVO

Contrair uma pneumonia é, e será sempre, grave. Contrair uma pneumonia em pleno pico de gripe e durante uma pandemia é bastante pior: nesta altura, o nosso sistema imunitário está mais frágil e, por isso, com maior propensão para falhar. Paralelamente ao número habitual de casos de internamento por gripe e pneumonia, neste período do ano, juntam-se aqueles que tantas dores de cabeça nos têm dado nos últimos meses: os infetados com COVID-19.

A sobrecarga dos serviços de saúde e dos equipamentos disponíveis deve ser evitada ao máximo e todos podemos ter um papel ativo. Mais do que tratar uma pneumonia nesta altura, devemos evitá-la. Ao vacinarmo-nos, para além da nossa saúde individual, estamos a beneficiar saúde pública e a contribuir para a redução do número de internamentos e de óbitos.

PERCENTAGEM DE VACINADOS CONTINUA BAIXA

A Direção Geral da Saúde lançou uma norma que recomenda a vacinação antipneumocócica a todos os adultos pertencentes aos grupos de risco. A vacina é gratuita para as crianças e para grupos de alto risco, para quem está no Programa Nacional de Vacinação, mas a sua eficácia é bem mais abrangente e está comprovada em todas as faixas etárias. O documento oficial conta já com 5 anos de existência, no entanto, a percentagem de pessoas vacinadas continua demasiado baixa.

Para além da vacinação antipneumocócica e antigripal, as medidas preventivas para esta época do ano incluem o uso de máscara, o controlo de doenças associadas, o abandono de hábitos como o tabagismo ou o alcoolismo, e a adoção de práticas saudáveis, incluindo o exercício físico, uma alimentação equilibrada e a ingestão de líquidos, a par da fundamental higienização regular das mãos.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2020 (nº 310)