Voltar a um amor do passado pode ser complexo e as dimensões a considerar são múltiplas, nomeadamente a emocional, psicológica e familiar.

Artigo da responsabilidade da Dra. Catarina Lucas. Psicóloga/sexóloga e diretora do Centro Catarina Lucas

 

O amor é algo difícil de definir e compreender e tem razões que a razão desconhece.

Atualmente, o amor é visto como um dos mais intensos e significativos sentimentos que uma pessoa pode vivenciar ao longo da sua vida. Sendo o ser humano um ser social, tem necessidade de estar com o outro, existindo um desejo inconsciente de união, de partilhar uma vida e de formar com o outro um todo.

Desde cedo que os contos de fadas e as histórias de príncipes e princesas invadem o nosso imaginário. Um dos maiores desejos do ser humano é “viver feliz para sempre” e vivê-lo de forma partilhada com outra pessoa.

ENCONTROS E DESENCONTROS

Nos encontros e desencontros do amor, muitos são confrontados a revisitar um amor do passado, sendo esta uma experiência que pode evocar uma ampla gama de emoções e reflexões. Muitas vezes, essa jornada é carregada de nostalgia, esperança e incerteza. Para alguns, pode ser uma oportunidade de reconciliação e crescimento pessoal, enquanto para outros, pode desencadear lembranças dolorosas e confrontos com o passado.

Voltar a um amor do passado pode ser complexo e as dimensões a considerar são múltiplas, nomeadamente a emocional, psicológica e familiar.

Assim, quando e em que condições podemos voltar a um amor do passado? Acima de tudo, é importante entender que no amor existem poucas regras. Existem sim emoções e vontade de ser feliz.

NOSTALGIA DO PASSADO

Reencontrar um amor do passado, muitas vezes, desperta sentimentos de nostalgia. As lembranças felizes e momentos partilhados podem ressurgir, evocando uma sensação de calor e familiaridade. A nostalgia pode ser reconfortante, oferecendo um refúgio temporário face aos desafios da vida diária. Essa conexão com o passado pode ser especialmente poderosa quando se trata de um amor significativo que moldou a nossa identidade e experiência emocional.

ESPERANÇA DA RECONCILIAÇÃO

O reencontro com um amor do passado também pode ser impulsionado pela esperança de reconciliação e renovação do relacionamento. Existe a crença de que o tempo em que estiveram afastados tenha possibilitado o crescimento individual e a maturidade emocional, criando a possibilidade de uma relação mais forte e significativa. A esperança é uma força poderosa que pode inspirar ações e alimentar a crença no potencial de um futuro partilhado.

PROSSEGUIR UM PROJETO DE VIDA

Perseguir de um projeto de vida, um sonho, algo que um dia idealizámos com aquela pessoa pode ser um motivo que faz voltar ao passado. Assumir que se falhou num projeto (mesmo que amoroso) a que nos propomos é algo com que temos dificuldade em lidar. É que os amores não concretizados tornam-se eternos e a ideia do que poderia ter sido se tivessem ficado juntos pode permanecer uma vida inteira e é capaz de nos levar a cometer as maiores loucuras. Esta ideia faz criar sentimentos de grande expetativa e desejo de reencontrar a pessoa. Contudo, o reencontro, por vezes, pode ser uma desilusão.

FECHO DEFINITIVO

Para alguns, voltar a um amor do passado pode ser uma jornada de aceitação e fecho de história. É uma oportunidade de encerrar um capítulo da sua vida, de forma consciente e definitiva, reconhecendo que o relacionamento teve um papel importante na sua história, mas que agora é hora de seguir em frente. O fecho pode trazer uma sensação de paz e libertação, permitindo que as pessoas envolvidas se concentrem em novos caminhos e oportunidades.

OPORTUNIDADE DE REFLEXÃO

Um amor do passado também pode desencadear uma profunda reflexão sobre as escolhas e experiências que moldaram a nossa vida desde então. Existe a oportunidade de avaliar como o relacionamento anterior influenciou o nosso crescimento pessoal e emocional, bem como a consideração de como as nossas perspetivas e prioridades mudaram ao longo do tempo. Esse processo de reflexão pode proporcionar insights valiosos sobre nós mesmos e sobre os nossos relacionamentos.

CONFORTO VS. MEDO DO DESCONHECIDO

O conforto daquilo que já conhecemos pode ser um grande motivo para regressar no tempo, assim como o desconforto em abraçar novas relações por medo do desconhecido.

Quase sempre, voltar ao passado implica perdoar velhas mágoas, pois habitualmente, as relações terminam por algum tipo de desentendimento ou incompatibilidade. Pode também terminar por deixarmos de amar, mas nestes casos é mais difícil voltarmos a equacionar um regresso. É muito importante avaliar as razões pelas quais se terminou, pois em alguns casos poderão ditar um novo término ou dificuldades no ajustamento.

Leia o artigo completo na edição de abril 2024 (nº 348)