Tensão, aspereza e descamação: eis os três sintomas inequívocos de pele seca. Nos meses de inverno, este tipo de perturbação vê-se agravado pelo frio. A hidratação constitui, por isso, um ato essencial.

A pele é o maior órgão do corpo humano. Nem sempre nos lembramos disso, mas é realmente um órgão extraordinário. É a pele que faz de fronteira entre o nosso corpo e o meio ambiente exterior. É responsável por nos proteger contra os microrganismos, a poluição do meio ambiente, as condições atmosféricas como o frio e o vento, e as radiações solares.

Também é na pele que estão os sensores da função táctil, que nos permitem percecionar as texturas, a temperatura e a dor. Possui ainda células específicas do sistema imunológico, que nos ajudam contra as alergias. E, claro, com a sua maleabilidade, cor e plasticidade, é responsável pela nossa aparência. A nossa pele confere-nos características únicas.

ENTENDER A PELE

Para que possamos cuidar bem da nossa pele, é necessário entendê-la. Classicamente, dividimos a pele em três estruturas: a epiderme, a mais superficial; a derme, onde se encontram os vasos e o tecido conjuntivo; e a hipoderme, com tecido adiposo e que é a estrutura mais profunda.

É, portanto, a epiderme a estrutura da pele que faz de barreira ao meio exterior. Ela é constituída por várias camadas de células justapostas – os ceratinócitos, à semelhança de uma parede de tijolos, unidas por proteínas e lípidos. À camada de ceratinócitos mais superficial e compactada chama-se camada córnea. Todos juntos formam uma barreira impermeável e eficaz de proteção: a barreira cutânea.

QUANDO A BARREIRA FALHA

E se esta barreira falha? A pele fica mais frágil, seca, descamativa, com tendência à vermelhidão, áspera e com comichão. Pode mesmo abrir gretas ou fissuras e originar dor.

Na realidade, há inúmeros fatores que condicionam a eficácia desta barreira. As condições climáticas extremas (ar seco, vento), a exposição solar excessiva e o uso de sabões e detergentes desengordurantes são exemplos de fatores externos que reduzem a eficácia da barreira cutânea contra as agressões, ao diminuírem a quantidade de lípidos da camada córnea e a coesão entre as células.

Mas também há condições fisiológicas, internas, que contribuem para o aparecimento de pele seca, como a idade (aumento da secura da pele com a idade), a área do corpo (é mais seca nas pernas, por exemplo) e algumas predisposições genéticas (a atopia, por exemplo). Por tudo isto, é muito importante ajudarmos a restaurar a nossa barreira cutânea diariamente.

CUIDADOS FUNDAMENTAIS

Um dos cuidados fundamentais para a nossa pele é a reposição dos lípidos da camada córnea, através da aplicação diária de emolientes – produtos em creme ou loção que contêm lípidos e evitam a perda de água.

Contudo, os emolientes não são todos iguais. Um bom emoliente deverá conter substâncias humectantes, que retêm água, e substâncias com algum poder oclusivo, que preenchem com lípidos os espaços entre as células e “selam” a água dentro das células, impedindo-a de evaporar. Essas substâncias são responsáveis por devolver à pele a sua impermeabilidade e capacidade de regeneração.

Como a pele seca é muito sensível e mais suscetível a alergias e irritações, também é importante que os emolientes não contenham perfumes nem substâncias alergizantes.

Para terem um efeito máximo de recuperação da barreira cutânea, os emolientes devem ser aplicados diariamente em todo o corpo, com especial incidência nas zonas mais ásperas, secas ou descamativas. A altura ideal para os aplicar é após o banho, porque assim ajudam a reter a água que difundiu para a pele.

A manutenção de uma boa hidratação cutânea mantém a pele saudável e resistente.

Leia o artigo completo na edição de Janeiro 2024 (nº 345)