A partir da puberdade, as questões hormonais dão às mulheres uma maior predisposição para ganharem massa gorda mais facilmente que os homens. Mas tudo depende de vários fatores, incluindo emocionais e geográficos.

Artigo da responsabilidade da Dra. Susana Teixeira. Nutricionista na António Gaspar Physio Therapy & Performance

 

 

A obesidade é considerada um dos principais problemas de saúde do século XXI e está associada a uma mortalidade mais elevada, à diminuição da qualidade de vida e a um aumento do risco de diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, hipertensão, doenças da vesícula biliar e de vários tipos de cancro.

CAUSAS BIOLÓGICAS E SOCIAIS

As causas do excesso de peso e da obesidade são biológicas e sociais e podem variar consideravelmente de acordo com o sexo ou género. Para além das causas anteriormente descritas, há acontecimentos ao longo da vida que podem afetar o peso, tais como a gravidez e a maternidade, a cessação do tabagismo, o casamento e a coabitação, a frequência da universidade e, eventualmente, o luto.

O diagnóstico de excesso de peso e obesidade pode ser feito através do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) = peso (kg) /altura (m²) e também através de outras medidas adicionais, como o perímetro da cintura, as quais podem ajudar no diagnóstico. Nos adultos, a Organização Mundial da Saúde define excesso de peso a partir de um valor de IMC maior ou igual a 25 e obesidade um valor de IMC maior ou igual a 30.

DIFERENÇAS ENTRE OS SEXOS

Tendo em conta o IMC, as mulheres normalmente apresentam cerca de 10% mais de gordura corporal, em comparação com os homens. O envelhecimento aumenta a adiposidade em ambos os sexos, mas, de modo geral, as mulheres ao longo da vida apresentam maior percentagem de gordura corporal. No entanto, a prevalência de excesso de peso e obesidade entre homens e mulheres varia muito de local para local e entre países.

As diferenças entre ambos os sexos surgem, geralmente, durante a puberdade. O aumento do peso corporal nos rapazes deve-se principalmente ao aumento da massa magra, enquanto nas raparigas deve-se essencialmente ao aumento da massa gorda.

A distribuição de gordura corporal (tipo androide – zona abdominal; e tipo ginoide – quadris e coxas), também aparece geralmente durante este período, sendo o tipo ginoide mais comum entre o sexo feminino.

O estilo de vida, nomeadamente a prática regular de exercício físico e a alimentação saudável podem interagir e regular o tecido adiposo (gordura), bem como a sua distribuição ao longo do corpo. Para além disso, as diferenças provavelmente também são determinadas por uma complexa interação de fatores genéticos, epigenéticos (influências ambientais) e fatores hormonais.

DESEQUILÍBRIO ENERGÉTICO

Em geral, o ganho excessivo de peso ocorre devido ao desequilíbrio energético, gerado particularmente pela ingestão excessiva de alimentos ricos em energia (por exemplo, bebidas açucaradas, doces e alimentos processados) e hábitos sedentários.

Apesar de as mulheres referirem, muitas vezes, que consumem alimentos mais saudáveis, por vezes também preferem e consomem alimentos com mais açúcar, do que os homens, incluindo alimentos processados e com alta densidade energética.

De modo geral, o consumo deste tipo de alimentos, bem como o consumo excessivo de alimentos de origem animal e gordura saturada poderá gerar perturbações na barreira intestinal. Estas perturbações poderão levar ao desequilíbrio da microbiota intestinal (conjunto de microrganismos vivos que habitam e interagem entre si no intestino), podendo contribuir para o desenvolvimento de doenças crónicas e influenciar o ganho de peso.

Muitas vezes, o ganho de peso também é motivado pela falta de conhecimento sobre alimentação e nutrição, mas também surge associado a casos de depressão, ansiedade e stress, os quais poderão afetar as respostas neurais relacionadas com a sensação de saciedade e, possivelmente, com os desejos pré-menstruais. Para além disso, as alterações hormonais ao longo do ciclo menstrual poderão afetar a ingestão de calorias e macronutrientes, bem como o gasto energético.

Leia o artigo completo na edição de abril 2024 (nº 348)