Dietas não faltam. Muitas são ineficazes, algumas são mesmo perigosas. Sobretudo não espere milagres: para emagrecer sem riscos e de forma duradoura, é preciso tempo, vontade, sabedoria e aconselhamento médico.

Os padrões estéticos sofreram uma viragem radical, desde as formas roliças das matronas de outros séculos, até à magreza extrema que imperou no início dos anos 70. Atualmente, “fazer dieta” continua a ser, muitas vezes, mais uma questão de moda do que de saúde, como demonstra a chamada “operação biquíni” que todos os anos se inicia por esta altura…

No entanto, o desejo de ostentar uma silhueta perfeita no próximo verão pode pagar-se caro. Todas as primaveras, aparecem novas e ainda mais absurdas dietas, bem como numerosos remédios adelgaçantes, supostamente “milagrosos”. Infelizmente, a maioria destas soluções fáceis são absolutamente ineficazes do ponto de vista da nutrição humana e algumas podem ser até perigosas.

Dietas autoprescritas

A consciência de que os fármacos autoprescritos podem ser perigosos começa a surgir na conduta do cidadão; no entanto, no campo das dietas, continuam a observar-se, com demasiada frequência, condutas semelhantes à da automedicação. Raciocínios do tipo “esta dieta teve imenso resultado com fulano, portanto eu também a vou experimentar” são tão usuais quanto erróneos.

O certo é que a pessoa com excesso de peso ou obesa não deve adotar uma qualquer dieta sem mais nem menos, sem refletir nem procurar aconselhamento médico. O obeso deve ter sempre presente que, por mais promessas que façam, todas essas receitas “fáceis” obrigam a comer menos e nenhuma tem em conta fatores tão essenciais numa dieta como a idade, o sexo, o peso atual, a profissão, a atividade física, o metabolismo ou o estado psicológico do paciente, entre outros fatores.
Tudo isto faz com que, regra geral, as dietas “milagrosas” sejam desequilibradas e carentes em nutrientes essenciais, razão pela qual é normal que sejam rapidamente abandonadas ou que os seus resultados sejam facilmente revertidos.

Obesidade é uma doença

Reconhecida pelas organizações de saúde como uma doença crónica, a obesidade ainda não é tratada como tal. É uma doença que atinge todas as faixas etárias, tem várias causas, é progressiva e recidivante, e a acumulação excessiva de gordura produz danos na saúde. As consequências são múltiplas, desde hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, patologia respiratória como síndrome de apneia obstrutiva do sono, patologia degenerativa osteoarticular, doença cardiovascular e alguns tipos de cancro.

Por outro lado, apesar de todo a conhecimento científico sobre a obesidade, os doentes obesos ainda são avaliados como “preguiçosos” e “sem força de vontade“. Características que os culpabilizam pela doença, geram discriminação e desmotivação. A obesidade não é uma escolha, e quem vive com a doença sente todos os dias os efeitos do excesso de peso, tanto a nível físico como psicológico.

O combate a esta doença exige uma abordagem multidisciplinar de profissionais, que em conjunto definam estratégias individualizadas, ajustadas e prolongadas no tempo, à semelhança de outras doenças crónicas. O tratamento implica diversas intervenções, desde planos dietéticos e de exercício físico, passando por medicação e, em casos mais complicados, até cirurgias.

Leia o artigo completo na edição de abril 2024 (nº 348)