Comer mais é comer bem na gestação? A nutricionista ortomolecular e epigenética Dra. Elisa Lobo explica o que é, de facto, uma boa nutrição na gravidez.
Foi-se o tempo em que se acreditava que as gestantes deveriam ‘comer por dois’. Muito comum no passado era aumentar a ingestão calórica, sem muita preocupação com os nutrientes ingeridos, quando é, de facto, o que mais importa. Relativamente à nutrição na gravidez, a nutricionista ortomolecular e epigenética Dra Elisa Lobo explica que sempre deve ser levada em consideração a individualidade dessa gestante. Se ela tem alguma doença de base ou não, se nos exames ela já apresentou uma carência no início da gestação, se ela chegou 100% saudável até o início do primeiro trimestre.
A especialista afirma também que, dali em diante, a mãe terá uma demanda nova. “É uma nova fase, onde ela, como geradora dessa vida, tem novas exigências e necessidades para si. E existe uma exigência também do bebé que está em formação”. Sendo assim, Elisa Lobo alerta que é preciso entender que “o nosso corpo é uma máquina muito potente, muito sábia, e que vai fazer de tudo para que não falte nada, a qualquer custo, para essa criança”.
Então, muitas vezes, quando a nutrição é deficiente, quando não existe uma suplementação correta, levando em consideração as exigências e as carências possíveis dessa fase, o corpo vai tirar de onde ele consegue esse nutriente. “Se a gestante não consumir cálcio e magnésio suficientes pasra si e para o bebé, o corpo vai até a massa óssea e vai desmineralizá-la, retirar esses nutrientes e levá-lo ao bebé, que precisa deles a todo custo. E aí gera-se uma fragilização, uma até possível osteopenia na mãe para que não falte para o bebé”, exemplifica.
É muito importante saber que o corpo vai arranjar um jeito de suprir as carências do bebé, mas nem sempre de formas saudáveis para a gestante. E, por isso, é tão importante ter um bom acompanhamento nutricional durante todo o processo gestacional. Elisa Lobo explica que é ainda melhor quando esse acompanhamento começa na pré-conceção, para que essa mãe esteja pronta pra gerar essa vida sem nenhuma intercorrência e que não comece um processo gestacional com nenhuma carência.
No que se refere à lactação, a especialista segue a mesma premissa. “Essa mulher vira uma ‘fábrica de alimento’, alimento esse – o leite materno – que nutre a vida do bebé, aumenta o peso, o crescimento e a função cognitiva. Então, precisamos de muitas vitaminas e minerais. É sobre vitaminas e minerais, e não sobre a quantidade de calorias ou quantidade de comida”, atenta. A nutricionista acrescenta que a diferença é que, nessa fase, aumenta também a necessidade de água. Afinal, a base do leite é a água.
Já na área epigenética, Elisa Lobo trabalha a pré-concepção de uma forma muito especial. É possível, nesse acompanhamento, evitar que as doenças genéticas do pai e da mãe passem para o bebé. “Acompanhamos o casal, de preferência de 3 a 6 meses, ajustando todas as vitaminas e minerais de acordo com os exames, e fazemos os ortomoleculares de forma individualizada segundo a predisposição genética de cada um deles, a fim de evitar que parte dessas alterações genéticas passem ao bebé em formação. É um trabalho muito bonito”, refere.
Para concluir, a profissional explica que todas as vitaminas e minerais são importantes e são encontradas na alimentação, mas nem sempre temos uma alimentação tão completa e saudável. Além disso, uma rotina diária acelerada e a dificuldade em encontrar sempre alimentos puros e de qualidade podem acabar produzindo alguma carência. Por isso, é importante uma suplementação ortomolecular individualizada, de acordo com cada gestante e fase da gestação.
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