Saúde gástrica: ameaças, prevenção e tratamentos

A saúde gástrica deve ser foco de atenção e de uma atitude preventiva por parte da população portuguesa. Cuidar de nós não deve ser um esforço!

Artigo da responsabilidade da Dra Ana Célia Caetano. Médica gastrenterologista. Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia

A GASTRITE é o termo mais familiar quando falamos de sintomas ou doenças do estômago. O termo gastrite implica à presença de inflamação significativa no estômago, demonstrada em biopsias. Normalmente, está associada a processos infeciosos ou autoimunes, mas também pode ser causada por tóxicos, reações de hipersensibilidade ou stress extremo.

Os sintomas possíveis no contexto de uma gastrite aguda são comuns e podem incluir dor abdominal superior, náuseas e vómitos, desconforto após as refeições, eructações (vulgarmente denominados arrotos) e sensação de saciedade precoce.

A DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP) é uma denominação que inclui as erosões e as úlceras que se localizam no estômago e no duodeno. A úlcera implica um defeito na mucosa superior a 5 mm, enquanto as erosões são menores e mais superficiais. Pode ocorrer igualmente em homens e mulheres. Complicações da DUP são a hemorragia, a perfuração ou o estreitamento cicatricial (estenose).

A ocorrência de DUP tem diminuído na população mais jovem (pela diminuição da prevalência da Helicobacter pylori, como vamos ver de seguida), mas tem aumentado nos idosos (maior esperança de vida e maior consumo de determinados medicamentos, como anti-inflamatórios). Outro fator contributivo para a redução da doença ulcerosa péptica é a melhoria das condições higieno-sanitárias.

O CANCRO GÁSTRICO é uma doença maligna em que há um crescimento anormal de determinadas células no estômago, células essas com potencial para invadir outros órgãos se não tratada. É mais frequente no sexo masculino e a idade de diagnóstico mais frequente os 70 anos. Os sintomas podem ser similares aos descritos na gastrite e na doença ulcerosa péptica, mas frequentemente acompanhados de sintomas ou sinais de alarme, como emagrecimento significativo, perda de força e perda de apetite.

QUE SINTOMAS SÃO DESCRITOS NAS DOENÇAS GÁSTICAS?

Como já foi referido, os sintomas relativos ao estômago mais frequentemente descritos são dor no abdómen superior, enfartamento após as refeições e sensação de saciedade precoce. Náuseas e vómitos também podem ser descritos. Igualmente a sensação de azia é referida com frequência – embora habitualmente nesses casos se esteja perante refluxo gastroesofágico e o órgão do tubo digestivo atingido seja o esófago.

Na verdade, é fraca a correlação entre sintomas gástricos e alterações no estômago identificadas numa endoscopia digestiva. Assim como entre os achados observados numa endoscopia e os achados nas biopsias gástricas. Isto é, em cerca de 14% dos casos em que a endoscopia digestiva alta é normal, a biopsia apresenta alterações. E em 20% dos casos em que a endoscopia digestiva alta apresenta alterações, a biopsia é normal.

Deve haver particular atenção aos chamados sintomas ou sinais de alarme (emagrecimento, perda de força ou perda de apetite), história de anemia ou história familiar de cancro gástrico.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2024 (nº 346)