A saúde intestinal é extremamente importante para o bem-estar geral do indivíduo, afetando diversos aspetos da sua saúde física e mental.
Artigo da responsabilidade da Dra Sandra Lopes. Médica gastrenterologista. Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia
O tubo digestivo representa a interface entre o ambiente externo e o ambiente interno do ser humano, ocorrendo colonização das várias mucosas por microrganismos. No seu conjunto, estes microrganismos constituem a microbiota ou flora intestinal. Estima-se que esta seja constituída por cerca de 100 triliões de microrganismos, na sua grande maioria bactérias.
MICROBIOTA INTESTINAL
A microbiota intestinal assume extrema importância em diversas funções do organismo humano, destacando-se o seu papel ao promover:
- A digestão eficiente dos alimentos e a absorção adequada de nutrientes essenciais;
- Um sistema imunitário mais fortalecido – a maior parte do sistema imunológico responsável pelas nossas defesas está localizada no intestino);
- Uma melhor saúde mental e bem-estar emocional – a ligação constante entre o intestino e o cérebro é conhecida como o eixo cérebro-intestino e, por isso, o intestino é denominado de “segundo cérebro”;
- A prevenção de problemas digestivos, como a alteração do funcionamento do intestino – prisão de ventre ou diarreia –, a síndrome do intestino irritável e a doença inflamatória do intestino (DII);
- A redução da inflamação com diminuição do risco de doenças crónicas, como obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardíacas e cancro;
- A regulação do peso corporal – um desequilíbrio pode estar associado a problemas como a obesidade;
- A melhoria da qualidade do sono e dos níveis de energia.
QUAIS AS PRINCIPAIS AMEAÇAS À SAÚDE INTESTINAL?
Será relevante identificar e promover a evicção dos fatores que interferem negativamente na microbiota intestinal e que condicionam o equilíbrio da saúde intestinal. A saber:
- Hábitos alimentares, especialmente o consumo de alimentos ultra processados; consumo excessivo de açúcar e/ou de gordura; pouco teor em fibras; baixa ingestão de água;
- Ingestão excessiva de bebidas alcoólicas;
- Privação de sono e situações de stress emocional;
- Tabagismo;
- Utilização não racional de antibióticos;
- Utilização crónica de anti-inflamatórios não esteroides (AINE);
- Uso crónico de medicamentos para a azia – inibidores da bomba de protões (IBP).
QUAIS AS ESTRATÉGIAS PARA MANTER O EQUILÍBRIO DA SAÚDE INTESTINAL?
Os 10 hábitos favoráveis à saúde intestinal que devemos fomentar são:
Dieta variada e equilibrada com alto teor em fibras – Incluir mais fibras na alimentação, como fruta, verduras, cereais integrais e legumes. O ideal é ingerir, pelo menos, cinco porções diárias de frutas, verduras e legumes. Além disso, as fibras alimentares atuam como prebióticos – alimentam as bactérias benéficas presentes no intestino. Evitar adoçantes, açúcares, gorduras saturadas e excesso de carne vermelha.
Ingestão de água – Pelo menos, 40 ml água por quilo de peso por dia.
Prática regular de exercício físico – Pode aumentar o fluxo sanguíneo para o intestino e aumentar a diversidade e abundância de bactérias benéficas no intestino.
Evitar o stress – Aumenta a inflamação e interfere com a microbiota intestinal.
Evitar fumar – O tabaco afeta a circulação sanguínea, diminuindo a quantidade de oxigénio disponível para as células intestinais.
Evitar o consumo excessivo de álcool – Pode irritar o revestimento intestinal e prejudicar a absorção de nutrientes.
Evitar a utilização desnecessária de antibióticos – Podem matar as bactérias benéficas e fomentar o crescimento excessivo de bactérias nocivas.
Evitar a utilização prolongada de AINE – Pode causar irritação no revestimento com aumento do risco de ulceração e hemorragia.
Evitar a utilização prolongada de IBP sem supervisão – Reduz a produção de ácido no estômago, podendo afetar a absorção de nutrientes e predispor a infeções intestinais.
Frequentar consultas de forma regular – Para diagnóstico precoce e prevenção.
QUAIS AS PRINCIPAIS DOENÇAS QUE PODEM ATINGIR O INTESTINO?
Existem várias doenças que podem afetar o intestino, desde condições relativamente benignas até problemas mais graves. Na abordagem diagnóstica destas condições, a realização de colonoscopia total, com eventual colheita de biopsias, é indispensável.
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