Uma simples fratura não é grave, mas deve dar-se-lhe a importância que merece para evitar dores, dificuldades de movimento e sequelas permanentes. Saiba como atuar, desde a prevenção e dos primeiros socorros à reabilitação total.

 

A principal missão dos ossos é atuar como sustentáculos do nosso corpo e dos nossos movimentos, embora também constituam uma armadura protetora de órgãos delicados como o cérebro, o coração ou os pulmões. Além disso, no interior dos ossos, encontra-se a medula óssea, sendo responsáveis pelo armazenamento e produção de substâncias tão importantes como o cálcio, o fósforo e os glóbulos vermelhos.

Quando se faz incidir sobre o osso uma força superior àquela que este pode suportar e se ultrapassa as suas propriedades elásticas, produz-se uma fratura, que pode ser total ou parcial. Muito frequentemente, as fraturas são causadas por acidentes traumáticos: as quedas violentas, os acidentes de desporto e os acidentes de viação são as circunstâncias mais comuns.

No entanto, também há fraturas espontâneas, no sentido em que não ocorre um episódio traumático significativo que as desencadeie. Esta circunstância pode acontecer no decurso de doenças como o raquitismo, a osteoporose, a osteomielite, as tuberculoses ósseas, as metástases, etc., as quais acarretam modificações da estrutura óssea.

Rutura, entorse ou luxação?

Os traumatismos ósseos podem derivar de uma pancada direta, que é o mais frequente, ou de um efeito de alavanca sobre um osso longo, devido a um movimento brusco ou uma flexão excessiva. As principais lesões que podemos sofrer são as fraturas, as luxações e as entorses.

Fratura – É quando se produz a fratura do osso em vários fragmentos, que podem deslocar-se ou não.

Entorse – Trata-se de uma lesão articular, que produz uma distensão ou estiramento excessivo de um ligamento, devido a um movimento forçado. Por cada centímetro que se alonga, é necessária uma semana de recuperação.

Luxação – É uma lesão articular que se deve à saída do osso da sua cavidade natural, como consequência de um movimento forçado.

 

FRATURAS MAIS FREQUENTES

Fratura do pulso

A fratura do pulso, também conhecida como fratura de Colles, é frequentemente produzida por quedas em que a pessoa tende a apoiar a mão, para amortecer a pancada. Este tipo de fratura aumentou muito nos últimos anos, devido a quedas resultantes da utilização, cada vez mais frequente, de bicicletas e trotinetes elétricas.

Como consequência, se os ossos não aguentam, a mão pode ficar para trás e para fora relativamente ao antebraço. Isto acontece pela fratura do extremo dos dois ossos inferiores do braço – o rádio e o cúbito – ou de apenas um deles.

Para comprovar o diagnóstico de uma fratura de pulso, basta uma radiografia do antebraço, que o mostrará facilmente.

Uma vez diagnosticada a fratura, a primeira coisa a fazer é alinhar os ossos na posição correta, algo que pode ser feito através da manipulação levada a cabo pelo ortopedista ou, em casos mais complicados, mediante intervenção cirúrgica. Posteriormente, o antebraço e o pulso devem imobilizar-se com uma tala de gesso ou de fibra de vidro.

Fratura do tornozelo

O simples facto de caminhar gera tensão nos pés, o que favorece as fraturas dos tornozelos. As estatísticas dizem que, nos Estados Unidos, mais de 250.000 pessoas torcem o tornozelo diariamente e que 40% destes pacientes podem ter sintomas que se repercutirão no futuro.

Habitualmente, a lesão mais comum do tornozelo é a entorse, mas quando vai além de uma lesão articular e se produz a rutura do osso, que costuma ser o perónio, encontramo-nos perante uma fratura que pode deixar marcas nesta zona.

O tratamento depende do tipo exato da fratura: desde a simples imobilização do tornozelo com gesso, até à cirurgia com posterior imobilização.

Fratura do fémur

As fraturas do fémur produzem-se, geralmente, devido a um traumatismo de grande energia – acidente de automóvel, queda violenta – e, dependendo de cada caso, pode existir ou não deslocamento do osso. Esta circunstância apreciar-se-á com clareza através de uma radiografia.

Quanto ao tratamento das fraturas do fémur, no caso de não haver deslocamento do osso, pode tentar-se implementar um tratamento ortopédico imobilizador, que durará 4 a 6 semanas. Tem os inconvenientes da imobilização prolongada, com as complicações que daí podem derivar. Se existir deslocamento do fémur, o tratamento será a intervenção cirúrgica, a qual tentará reduzir e fixar a fratura com uma placa aparafusada. Não se poderá apoiar a perna até que a fratura esteja perfeitamente consolidada, o que poderá levar cerca de três meses.

Fratura da anca

Designa-se por fratura da anca a fratura da parte superior do fémur. É mais frequente em mulheres e a sua incidência aumenta com a idade. Existem certos fatores que favorecem a fratura da anca, entre eles a osteoporose, uma dieta pobre em cálcio, a falta de exercício físico e as alterações hormonais.

Para comprovar que se produziu uma fratura da anca, após uma queda ou um forte traumatismo que gera dor intensa, efetua-se uma radiografia. Nos casos em que existam dúvidas ou se tenha uma elevada suspeita e a radiografia pareça normal, será feita uma ressonância magnética para o confirmar.

O tratamento de todas as fraturas da anca é cirúrgico. A técnica dependerá do tipo de fratura e será o ortopedista quem decide, em função do estado do osso e da idade do paciente. Pode passar por uma fixação que una ambos os extremos da fratura até que esta se consolide; nalguns casos, pode ser necessário substituir a cabeça do fémur por uma prótese, técnica que se conhece como artroplastia.

Leia o artigo completo na edição de outubro 2022 (nº 331)