Carreira, dinheiro e viajar são mais importantes para as mulheres portuguesas do que ter um filho. Esta é uma das conclusões de um estudo recente sobre as prioridades das mulheres, no nosso país.

 

Entre as principais prioridades das portuguesas encontram-se poupar dinheiro (61%), progredir profissionalmente (57%) e viajar (48%), remetendo para posições inferiores o desejo de ser mãe (26%), comprar casa (25%) ou casar-se (8%) na sua lista de prioridades. Assim o revela o inquérito “Prioridades Antes de Ser Mãe”, realizado pela HRA Pharma, em julho deste ano, no qual se demonstra que atualmente as mulheres adiam e não têm como prioridade a maternidade, independentemente da sua geração.

RISCO DE UMA GRAVIDEZ NÃO PLANEADA

Concretamente, 69% das mulheres preocupam-se perante a possibilidade de uma gravidez não planeada e 64% consideram que a gravidez afetaria a sua vida social e laboral. Neste sentido, 58% têm medo de perder oportunidades de trabalho ou de concluir os estudos devido a uma gravidez, sendo as mais preocupadas as mulheres mais jovens, pertencentes à Geração Z, onde a média de idades é de 21 anos (69%) e Millenialls, cuja idade média é de 30 anos (59%).

Para a Dra. Teresa Bombas, médica especialista em Ginecologia e Obstetrícia e presidente da Sociedade Portuguesa da Contracepção (SPDC), “estes dados espelham bem a tendência da sociedade atual, uma vez que a idade média da mulher quando tem o primeiro filho – e, grande parte das vezes, único – tem vindo a aumentar na última década”.

De acordo com o mesmo estudo, apesar de quererem evitar uma gravidez não planeada, 34% das mulheres tiveram uma relação sexual desprotegida nos últimos 12 meses. As mulheres pertencentes às gerações “Millenial” e “X” são as que mais se expõem a relações sexuais de risco (35% cada).

Relativamente aos motivos para esta exposição ao risco, 17% considerou que a possibilidade de ficar grávida era reduzida e 27% manteve relações sexuais desprotegidas por esquecimento de tomar a pílula. É importante destacar que 17% recorreu ao coito interrompido porque o considerou um método seguro.

UMA SEGUNDA OPORTUNIDADE

Perante relações sexuais desprotegidas e a possibilidade de uma gravidez não planeada e indesejada, existe uma segunda oportunidade: a pílula do dia seguinte. Trata-se de um método contracetivo de emergência, que constitui uma alternativa caso tenha havido relações sexuais desprotegidas, quer por não utilização ou falha do método contracetivo regular.

De acordo com os dados extraídos do inquérito, 60% das mulheres consideram a possibilidade de recorrer à pílula do dia seguinte para evitar uma gravidez não planeada. Concretamente, 42% delas já recorreram a este método e, destas, 33% fê-lo nos últimos 12 meses, sendo este método contracetivo de emergência mais utilizado por mulheres nas faixas etárias mais elevadas.

Por oposição, 40% das mulheres rejeita o uso da pílula do dia seguinte. De facto, este tipo de contraceção ainda é rejeitado por muitas mulheres, que persistem em considerá-lo um método abortivo (36%) ou uma “bomba hormonal” (24%).

Segundo a Dra. Teresa Bombas, “a classe médica tem vindo a trabalhar para desconstruir os mitos associados à contraceção de emergência, mas, de algum modo, as ideias erradas de que a pílula do dia seguinte possa ser abortiva ou, de algum modo, uma bomba hormonal prejudicial à saúde da mulher persistem. É algo que devemos combater, pois a contraceção de emergência é segura e a sua utilização para evitar uma gravidez não planeada é um ato de responsabilidade do casal”.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2017 (nº 277)