Para além das barreiras na comunicação, enfrentar uma disfunção sexual representa um dos maiores desafios para muitos casais. Contudo, é importante lembrar que existem várias abordagens e soluções disponíveis para lidar com essas situações.

Artigo da responsabilidade do Dr. Fernando Mesquita. Psicólogo clínico. Sexólogo e terapeuta de casal

 

Na maioria dos casos, para superar a inibição do desejo sexual, a disfunção erétil, a ejaculação prematura, a ejaculação retardada, a anorgasmia, a hipersexualidade, a presença de dor sexual ou qualquer outra disfunção sexual, além de procurar ajuda profissional e manter uma comunicação franca com o parceiro, é necessário estar aberto à mudança.

O tema que vos trago é um dos maiores desafios propostos na terapia sexual para grande parte das pessoas que procuram ajuda clínica para dificuldades sexuais: a atenção plena ou meditação.

TREINAR A MENTE

A meditação ou atenção plena é uma prática que visa treinar a mente para alcançar um estado de clareza, foco e calma. Geralmente, é realizada através de exercícios de concentração na respiração, sensações corporais ou foco num objeto específico.

Nos últimos anos, tem-se assistido a um aumento de estudos científicos que comprovam os benefícios desta prática para a saúde mental. A meditação promove o aumento da capacidade de foco, concentração, resiliência emocional e autocompaixão, ao mesmo tempo que contribui para a redução dos níveis de stress, ansiedade, sintomas depressivos, além de melhorar a qualidade do sono.

Isto torna a atenção plena uma ferramenta poderosa para uma ampla gama de pedidos de ajuda em contexto psicoterapêutico, incluindo os de índole sexual ou íntima. Ao aumentar a consciência corporal, reduzir a ansiedade e promover a intimidade emocional, a prática regular de meditação torna-se um excelente meio para restaurar a conexão entre corpo, mente e sexualidade.

RELAÇÃO ENTRE MEDITAÇÃO E DISFUNÇÕES SEXUAIS

Salvo problemas de saúde específicos ou efeitos secundários de medicação, as disfunções sexuais geralmente têm raízes profundas na psique humana, influenciadas por questões de ansiedade, stress, alterações de humor, conflitos interpessoais, baixa autoestima, entre outros. É neste contexto que a meditação emerge como uma abordagem holística que direciona a atenção plena para o momento presente.

Vejamos, então, como a incorporação da meditação na rotina diária pode ser um passo significativo na superação das disfunções sexuais e no cultivo de uma vida íntima mais gratificante e equilibrada.

  • Redução do stress e ansiedade

Muitas disfunções sexuais, como a disfunção erétil e a inibição do desejo sexual, podem estar associadas ao stress e à ansiedade de performance. Frequentemente, o receio de “falhar sexualmente” aumenta a ansiedade e limita a capacidade de viver plenamente as novas oportunidades de intimidade. Diversos estudos têm revelado que a prática regular de meditação ajuda a reduzir os níveis de stress e ansiedade, promovendo um estado de relaxamento que pode aliviar a pressão associada ao desempenho sexual.

  • Aumento da sensibilidade e consciência corporal

Uma vez que a resposta sexual pode ser afetada por algum tipo de desconforto ou dor, a prática regular de meditação mostra-se benéfica, visto que envolve a atenção plena ao corpo e às sensações físicas. Na verdade, os praticantes regulares de meditação apresentam uma maior consciência e gestão de áreas de tensão corporal, pois estão mais sintonizados com a conexão entre mente e corpo.

  • Promoção da intimidade e comunicação conjugal

A meditação também é eficaz na promoção da intimidade emocional e comunicação entre parceiros, pois incentiva a abertura e compreensão mútua. Este aspeto é essencial para casais que enfrentam dificuldades sexuais, dado que uma comunicação aberta pode reduzir a pressão associada ao desempenho sexual. Não é raro encontrar casos onde as dificuldades sexuais contagiaram a própria relação. Por vezes, o seu foco é tão grande na dificuldade sexual que se esquecem dos aspetos positivos da relação.

  • Regulação emocional e autoaceitação

A prática regular de meditação promove a regulação emocional e a aceitação de pensamentos e sentimentos. Isso pode ser valioso para pessoas que enfrentam disfunções sexuais, pois permite lidarem melhor com preocupações, inseguranças ou traumas que possam estar a interferir na vida sexual.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2024 (nº 346)