O aleitamento materno é a melhor forma de alimentar o bebé. Não há nenhum médico que contrarie esta afirmação. Afinal, se a Natureza deu às mães um leite de características únicas, por alguma razão é!

Antes do seu bebé nascer, fale com o obstetra ou a parteira e peça-lhes que o coloquem no seu colo, logo após ele vir ao mundo. Nada será mais gratificante para ambos. O instinto do recém-nascido leva-lo-á a procurar o peito: dê-lho, sem hesitações. Na realidade, esta será a melhor maneira de lhe dar as boas-vindas, de o estimular e de o compensar do grande esforço que é nascer. Desde sempre, este foi o preâmbulo de uma lactação duradoura.

Os médicos confirmam a importância deste gesto: estudos asseguram que as mães que começam a dar de mamar aos seus filhos nos primeiros 10 minutos após o parto conseguem dar-lhes o peito durante o dobro do tempo, relativamente às mulheres que iniciam o aleitamento várias horas mais tarde. Por isso, cada vez se dá mais importância a esse primeiro contacto.

O MAIS NATURAL E PRIMITIVO DOS GESTOS

Muitas mamãs inexperientes têm algumas dúvidas relativamente ao aleitamento, não obstante ser o mais natural e primitivo dos gestos. Em primeiro lugar, é fundamental ter confiança em si mesma. Depois, é preciso saber que cada criança é única e que não existem regras fixas quanto a horários e duração das mamadas.

Alguns recém-nascidos ficam satisfeitos mamando apenas seis vezes por dia, embora a maioria necessite de o fazer com maior frequência. A crença de que o normal é dar de mamar de quatro em quatro horas é errónea e apenas serve para desmoralizar e desorientar as mães que se veem obrigadas a uma maior assiduidade.

Os bebés que, desde o começo, mamam quando lhes apetece, sem horários pré-estabelecidos, ganham peso mais rapidamente e, ao fim de um tempo, eles mesmos regulam a frequência das mamadas. À medida que crescem, é provável que reclamem mais alimento, mamando durante mais tempo ou com maior frequência. É uma forma instintiva de assegurarem os nutrientes de que necessitam para crescer. Isto jamais indica que a mãe não tem leite suficiente. Pelo contrário, a produção estimula-se através da sucção: quanto mais o bebé mama, maior é a abundância de leite.

Quanto à duração das mamadas em si, também não se deve guiar pelo relógio. Há bebés que comem muito depressa e outros que demoram mais.

Também é importante ter em conta que, no início da mamada, o leite é mais líquido e menos nutritivo. Assim, embora pareça que o bebé já quase não mama, é conveniente deixá-lo sempre um pouquinho mais, porque o pouco que engolir alimenta-lo-á bastante melhor. Um bom truque é não mudar de peito na mesma toma: deixe-o esgotar o leite e comece, na próxima mamada, pelo outro peito.

Alimento perfeito

O leite materno é, em cada espécie, o alimento mais adequado para que as respetivas crias cresçam fortes e saudáveis. Evidentemente, o leite de vaca está adaptado ao crescimento físico e cerebral do vitelo, um animal que atinge muito peso em pouco tempo e que, poucas horas depois de nascer, já anda. Para tal, necessita de um alimento rico em proteínas, gorduras e cálcio, entre outros minerais, que são excessivos para um bebé. Pelo contrário, o seu fornecimento vitamínico é insuficiente para os filhotes da espécie humana.

Para os nossos recém-nascidos, existe um leite perfeito: o da mamã! Responde às nossas necessidades específicas de desenvolvimento, não existe perigo de sobrealimentação e está sempre à temperatura ideal. Além disso, possui qualidades que incidem diretamente na saúde dos bebés: protege contra a anemia – o índice de ferro é 20 vezes superior ao do leite de vaca – e reduz o risco de contrair alergias, infeções respiratórias e gastroenterites.

Também é verdade – diversos estudos o comprovam – que, dando de mamar, se transmite ao bebé uma enorme segurança afetiva. E isso, quando ele crescer, traduzir-se-á numa maior independência e facilidade de relacionamento. Estas qualidades têm muito a ver com aquilo que os cientistas denominam de inteligência emocional, que não é mais do que a capacidade de ser feliz.

Em resumo, quatro a seis meses de lactação constituem uma reserva de saúde, tanto física como psíquica, que acompanha o ser humano durante toda a sua existência.

Leia o artigo completo na edição de março 2024 (nº 347)