Desde as primeiras vocalizações do bebé, com apenas umas semanas de vida, até a criança conseguir dizer uma frase completa, desenrola-se um longo e laborioso processo de aprendizagem.

O impulso de falar surge na criança pela necessidade inata de expressar as suas emoções. Nas primeiras semanas de vida, o bebé apenas balbucia e solta uns simpáticos gorgolejos, quando está satisfeito. Mais tarde, quando começa a dominar a falar, mostra-se recetivo a realizar novas experiências, com o apaixonante jogo de fabricar sons.

Nenhum bebé aprende a falar sozinho. Necessita de estímulos e de encontrar respostas aos sons que emite. Aqui, o papel dos pais é vital, porque falando-lhe constantemente lançam-se os alicerces da aprendizagem da linguagem e transmite-se-lhe carinho e interesse por tudo o que o rodeia. Um bebé a quem não se fala, nunca aprenderá a falar. O contacto é fundamental. De resto, é fácil comprovar esta realidade: o bebé emite mais sons quando tem um adulto ao seu lado, do que quando está só, no seu quarto, sem nada que o estimule.

Chilreado ininteligível

Na parte esquerda do cérebro, processa-se toda a informação verbal, que se traduz na utilização dos mais de 100 músculos que intervêm na fala. Dominar a sua sincronia é uma tarefa complexa e convém saber que, em todas as fases da aprendizagem, o vocabulário que o bebé entende é sempre superior ao que usa. Primeiro, armazena e assimila; depois, experimenta e espera do meio envolvente uma resposta, para aferir o êxito ou o fracasso da sua experiência.

O seu primeiro idioma é um “chilreado” estranho e ininteligível. No entanto, ele já sabe o que diz… E a sua mamã também! Todas as mães possuem esse sexto sentido, que decifra aquilo que para os outros é um verdadeiro enigma.

A partir daí, uma vez superada a fase do choro e do sorriso como únicos meios de expressão, o bebé precisa de estímulos constantes para progredir. E não há melhor estímulo do que a mamã e o papá brincarem com ele a falar.

Como falar-lhe

Há que falar-lhe próximo, cara com cara e constantemente; com um tom de voz alto, entoação exagerada, muitas inflexões e quase cantando. É a melhor maneira de captar a sua atenção e conseguir a sua predisposição para participar no espetáculo.

A entoação é fundamental. Através dela, o bebé consegue interpretar uma mensagem, embora desconheça o significado das palavras. Quando é descendente, as frases têm para ele um sentido de consolo. As frases curtas, bruscas e enérgicas, são traduzidas como proibição. As frases cantadas indicam que a mamã está contente. E uma mudança de entoação repentina pode sobressaltá-lo e fazê-lo chorar.

Não é preciso falar-lhe lentamente: aborrecer-se-ia. O que o atrai é a música das palavras.

Alguns conselhos

O bebé aprende o significado das palavras depois de as escutar incluídas em diferentes frases e com diferentes tons de voz e expressões faciais.

Quando decide batizar o cão de “ão-ão”, há que aceitá-lo. Não é preciso estar a corrigir constantemente as suas inexatidões: a criança poderia frustrar-se perante aquilo que consideraria um contínuo fracasso. Mas também não se deve admitir a sua imprecisão como correta, ou seja, quando os pais se referem a um cão, devem fazê-lo com o termo correto.

Outro aspeto: quando chora e vamos consolá-lo, não basta estar presente e satisfazer as suas necessidades. Além de ver a pessoa, a criança necessita de confirmar, pela voz, que a sua mamã está ali: “Sim, querido, a mamã está aqui… não te preocupes…”. Uma mensagem assim, pronunciada com um tom envolvente, reconfortá-lo-á tanto ou mais do que a própria visão da sua mãe junto dele.

Leia o artigo completo na edição de dezembro 2023 (nº 344)