As vantagens do uso da tecnologia por parte dos mais jovens são sobejamente conhecidas. Porém, a investigação em Neurociências já demostrou que, nas chamadas cyber-dependências, são alteradas as mesmas zonas cerebrais da dependência de uma droga. Sim, é caso para ficarmos preocupados!
Artigo da responsabilidade da Profª. Ivone Patrão, Embaixadora Científica Dianova para a Campanha #Não te deixes possuir#
As tecnologias de informação e comunicação vieram para ficar na nossa gestão diária. As famílias portuguesas, nos últimos anos, aumentaram significativamente a sua capacidade de acesso a um computador, a um smartphone, a um tablet – todos estes dispositivos com acesso à internet.
Ao visitarmos uma família em sua casa, por exemplo ao fim da tarde, observamos um cenário comum: os filhos, cada um em seu quarto, a jogar ou nas redes sociais; os pais a responderem aos emails de trabalho ou nas redes sociais.
Os dados da investigação com amostras portuguesas são bastante claros: estamos a estabelecer mais relações de forma virtual, tanto crianças e jovens, como adultos.
O impacto da tecnologia nos mais novos é notório ao nível do seu desenvolvimento, tanto de forma positiva, como negativa.
Há autores que os chamam “nascidos digitais”, “geração Z”, “geração Magalhães”. Nasceram já, alguns deles, através de soluções tecnologicamente avançadas ou com recurso à telemedicina. Hoje em dia, todos os pais têm uma foto do seu bebé antes de nascer!
FOSSOS GERACIONAIS
Os pequenos começam o seu contacto com as tecnologias de forma precoce. A recomendação 3-6-9-12 anos de Sierge Tisseron é bem conhecida. A tradução é simples: aos 3 anos, as crianças podem começar a ver televisão; aos 6 anos, podem jogar jogos offline; aos 9 anos, podem começar a jogar jogos online; e aos 12 anos, podem iniciar a sua navegação nas redes sociais.
Ficamos todos preocupados, porque a idade já não volta atrás e os ecrãs fazem parte do dia-a-dia de todos, logo de bebés. Vê-se famílias deliciadas com a capacidade de crianças, antes sequer de falarem e andarem, para mexer nos ecrãs táteis. Conseguem pela tentativa-erro descobrir códigos, acessos mais rápidos e jogar jogos simples. Com os anos, vão-se tornando uns verdadeiros peritos e assim criam-se os fossos geracionais, uma vez que os pais, alguns deles, ainda não aderiram às tecnologias e são info-excluídos ou info-recusantes.
IMPORTÂNCIA DO EQUILÍBRIO
Estar em casa tornou-se o melhor hobbie. Para os pais, pela perspetiva de controlo, do entretenimento e pela diminuição dos riscos, sobretudo de consumo de drogas e de comportamentos desviantes nos jovens. É comum escutar-se: “Está no quarto, no PC, a estudar!“.
Para as crianças e para os jovens, as perspetivas são diferentes. As crianças tendem a sentir-se mais estimuladas, entretidas e com menos frustração, pela rapidez e volume de oferta que encontram nos jogos e nas pesquisas online.
Os jovens apostam na criação de um grupo de pertença, na proximidade da relação com os pares, que, de forma virtual, fica facilitada.
Neste contexto, surge a velha máxima: nem 8 nem 80. Deverá existir uma reflexão pela sociedade quanto à importância de existir um equilíbrio na gestão dos comportamentos online e no uso da tecnologia, não só pelos mais novos, mas também pelos adultos.
Leia o artigo completo na edição de setembro 2016 (nº 264)
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