Celebrar o dia 4 de março é mais uma oportunidade para falarmos de obesidade e do doente obeso. É uma forma de relembrar que a doença atinge todas as faixas etárias, tem várias causas, é progressiva e recidivante, e que a acumulação excessiva de gordura não tem uma distribuição igual em todos os doentes, mas todos, têm danos na sua saúde.
Artigo da responsabilidade da Dra. Isabel Fonseca. Vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
As consequências são múltiplas, desde hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, patologia respiratória, como síndrome de apneia obstrutiva do sono, patologia degenerativa osteoarticular, doença cardiovascular e alguns tipos de cancro.
Reconhecida pelas organizações de saúde como uma doença crónica, ainda não a tratamos como tal. As consultas especificas estão limitadas a alguns centros, o tratamento cirúrgico da obesidade também, assim como apoio de nutricionista, de psicólogo ou a comparticipação de medicamentos.
O combate desta doença, pelo seu caráter recidivante, exige uma equipa multidisciplinar de profissionais, que em conjunto definem estratégias individualizadas, ajustadas e prolongadas no tempo, à semelhança de outras doenças crónicas. O tratamento implica diversas intervenções que exigem continuidade ao longo da vida, pois o risco de recuperação ponderal é elevado, frustrando o doente e os profissionais.
É por isso fundamental criar programas que estimulem a atividade física, que ensinem e facilitem a escolha de produtos alimentares saudáveis, como é disso exemplo o Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, para a prevenção da pré-obesidade e obesidade.
Apesar de todo a conhecimento científico sobre obesidade, os doentes obesos ainda são avaliados como “preguiçosos”, “sem força de vontade“ ou “desleixados “. Características que os culpabilizam pela doença, geram discriminação e desmotivação.
O obeso que adquire um peso saudável adquire uma nova vida. Aumenta a sua esperança de vida, diminui o risco de doenças degenerativas e cardiovasculares, ganha confiança e autoestima.
Combater o preconceito de que “só é obeso quem quer” é também o papel do Dia Mundial da Obesidade. A obesidade não é uma escolha e quem vive com a doença sente todos os dias os efeitos deletérios do excesso de peso, tanto a nível físico como psicológico.
Temos todos um longo trabalho pela frente.
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