O contágio é rápido e fácil, basta que para isso haja contacto direto. Embora estejam sinalizados grupos de risco, o vírus sincicial respiratório pode afetar qualquer um, mesmo os mais saudáveis. Despoleta sintomas típicos das patologias que coexistem nesta época, como dificuldade em respirar, tosse, febre e secreções, e pode degenerar em episódios graves de bronquiolites e pneumonias virais. Em Portugal, o vírus sincicial respiratório é a principal causa de hospitalização entre os lactentes.

Artigo da responsabilidada do Dr. Gustavo Tato Borges. Presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública

 

 

Os primeiros meses de vida são os mais vulneráveis ao contacto com vírus e bactérias. O vírus sincicial respiratório(VSR) não é exceção. A fragilidade das crianças é uma realidade, principalmente se forem prematuras, recém-nascidos, lactentes ou se sofrerem de alguma patologia. Doenças cardíacas, pulmonares, neuromusculares congénitas ou situações em que a imunidade se encontra comprometida são consideradas de risco acrescido.

No final de 2013, entre outubro e dezembro, foram internados 278 bebés com infeções causadas por VSR. 8% precisou de ventilação ou de assistência nos Cuidados Intensivos. 47%, tinha idade inferior a três meses de idade e apenas 5% tinha doença prévia. Ou seja, trata-se de um vírus que pode afetar crianças perfeitamente saudáveis.

Mas este vírus tem uma variação de incidência sazonal, ou seja, no hemisfério Norte, o período de maior ocorrência de doença decorre entre os meses de novembro de um determinado ano e março do ano seguinte. Nesse período são identificados, habitualmente, mais de 60% de todos os casos diagnosticados em todo o resto do ano civil*. Na época gripal de 2017/18 foram diagnosticados cerca de 15.214 casos de doença respiratória aguda, dos quais 7.243 (cerca de 48%) foram casos confirmados de infeção por este vírus*.

Sintomas frequentes

Entre os sintomas mais comuns encontramos febre, secreções, tosse, obstrução nasal, dificuldade respiratória e perda de apetite. O agravamento destes sintomas pode, no limite, levar ao desenvolvimento de infeções graves como bronquiolites e pneumonias. Uma vez que não existe tratamento específico para o VSR, de uma maneira geral é aconselhada a gestão da febre e das dores com antipiréticos ou analgésicos. Deve-se, também, beber muitos líquidos, sobretudo água, para prevenir a desidratação e contribuir para a fluidificação das secreções.

Evitar o VSR

A adoção de boas práticas de etiqueta respiratória é uma das principais medidas para evitar ou diminuir o contacto com estes e outros vírus. Devemos cobrir a boca com o braço ou o cotovelo sempre que espirramos ou tossimos, e nunca por nunca o fazer para as mãos, que devemos lavar de forma frequente. A redução ou cessação da exposição ao tabaco é outra das boas práticas aconselhadas, tal como a limitação da frequência de espaços fechados ou grandes aglomerados de pessoas.

Como em tantos outros casos e patologias, a vacinação continua a ser a forma mais eficaz de prevenção, e sempre mais segura que o ato da cura. Não arrisque – fale com o seu médico para juntos definirem a melhor estratégia de prevenção. Em Portugal estão disponíveis três estratégias de imunização para o VSR: duas para recém-nascidos e lactentes, e uma outra para grávidas que se encontrem entre as 24 e as 36 semanas de gestação – neste último caso, a proteção é dupla, para mãe e filho.

* Estudo bari: Bandeira, Teresa et al. (2022), “Burden and severity of children’s hospitalizations by respiratory syncytial virus in Portugal, 2015-2018”, Influenza and Other Respiratory Viruses, 17(1):e13066