O exercício físico após uma cirurgia deve ser visto como parte do tratamento. Quando praticado com cuidado, acompanhamento médico e paciência, torna-se um verdadeiro aliado da recuperação física e mental.

Artigo da responsabilidade da Dra. Tayrine Filgueira. Personal Trainer do Holmes Place Tejo, com doutoramento em Biologia Aplicada à Saúde; e
Profª Ana Ricardo. Mestre em Exercício e Saúde FMH. Personal Trainer e Group Trainer do Holmes Place Tejo
O papel do exercício físico na recuperação pós‑cirúrgica é cada vez mais reconhecido como essencial para otimizar os resultados. Atualmente, já existem muitas pesquisas que mostram que a prática de exercícios físicos, quando bem orientada, ajuda a acelerar a cicatrização, reduz complicações, melhora a força, a funcionalidade, a respiração e ainda contribui para o bem-estar físico e emocional.
Voltar a exercitar-se após uma cirurgia é, assim, um passo importante para recuperar a saúde. Mas precisa de ser feito com cuidado e planeamento, de forma gradual e sob orientação médica e de um fisioterapeuta.
ESTUDOS COMPROVAM BENEFÍCIOS
Existem estudos recentes que comprovam esses benefícios: um deles, realizado com pessoas que passaram por cirurgia de estômago para tratamento de cancro, mostrou que exercícios leves, iniciados logo nos primeiros dias de internamento, melhoraram a condição física, reduziram a inflamação e favoreceram a recuperação.
Pesquisas semelhantes em cirurgias colorretais apontaram que atividades simples, feitas no hospital, reduziram até mesmo o tempo de internamento.
Em cirurgias da mama, iniciar exercícios de alongamento e fortalecimento já no primeiro dia foi decisivo para recuperar a força e os movimentos do ombro, além de preservar a qualidade de vida.
Outros estudos científicos também confirmam que exercícios respiratórios são fundamentais em cirurgias pulmonares, pois ajudam a prevenir complicações como falta de ar e infeções.
Já em procedimentos mais complexos, como as cirurgias pancreáticas, treinos progressivos de resistência trouxeram resultados surpreendentes: melhoria do sono, menos dor, recuperação mais rápida da função intestinal e até redução de complicações pós-operatórias.
COMO PRATICAR DE FORMA SEGURA?
O segredo está na progressão e no acompanhamento adequado. Nos primeiros dias, o foco deve ser caminhar devagar, alongar suavemente e praticar exercícios respiratórios. Com o tempo – e sempre com consentimento médico –, é possível avançar para caminhadas mais longas, exercícios com o peso do corpo e atividades aeróbias leves. A partir de um a três meses, dependendo da cirurgia, os treinos podem evoluir para exercícios de força, resistência e, depois, até atividades desportivas.
É essencial lembrar que cada pessoa tem seu ritmo e que o corpo precisa ser respeitado. Dor forte, inchaço, sangramento ou febre são sinais de alerta e exigem pausa imediata. Também é fundamental contar com a orientação de profissionais de saúde, como médicos, fisioterapeutas e técnicos de exercício físico, para ajustar o treino às necessidades individuais.
PAPEL DO FISIOTERAPEUTA
Cada cirurgia possui particularidades e exige um tempo específico de recuperação. Por isso, respeitar as fases do processo é indispensável. Além disso, é necessário identificar quais as estruturas ou grupos musculares mais afetados, direcionando o treino para o restabelecimento do equilíbrio das cadeias musculares.
O fisioterapeuta atua como o elo central entre o tratamento médico e o retorno seguro da atividade física. Cabe-lhe:
- Avaliar individualmente o paciente, considerando o histórico clínico, tipo de cirurgia e limitações atuais.
- Planear um protocolo de exercícios progressivos, respeitando cada fase da cicatrização e recuperação tecidual.
- Orientar sobre a postura, movimentos e cuidados específicos para evitar sobrecargas ou riscos de lesão.
- Trabalhar na prevenção de complicações, como rigidez articular, fraqueza muscular ou compensações posturais.
- Adaptar os exercícios conforme a evolução, sempre priorizando segurança e funcionalidade.
- Promover a confiança do paciente no próprio corpo, auxiliando na transição do repouso para a regresso das atividades do dia a dia e, posteriormente, do exercício físico regular.
PARTE DO TRATAMENTO
O exercício físico após uma cirurgia não deve ser visto apenas como uma forma de “voltar à rotina”, mas sim como parte do tratamento. Quando praticado com cuidado, acompanhamento e paciência, torna-se um verdadeiro aliado da recuperação, ajudando não só o corpo a se fortalecer, mas também a mente a equilibrar-se e ganhar confiança para retomar a vida com qualidade!
Leia o artigo completo e veja os exercícios na edição de novembro 2025 (nº 365)














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