Novo estudo do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa analisa a “Seroprevalência e Fatores de Risco Associados à Infeção por Leishmania em Cães de Portugal”.

A leishmaniose canina (CanL), causada pelo parasita Leishmania infantum, é uma zoonose (doença infeciosa transmissível entre os animais e o ser humano) relevante em países do sudoeste europeu, onde a doença é endémica. Em Portugal, a seroprevalência da infeção por leishmania quase que duplicou face aos 6,3% registados no último inquérito epidemiológico nacional, realizado em 2009.

Os cães domésticos são os principais hospedeiros do parasita Leishmania infantum e, sendo animais em contacto próximo com os seres humanos, a seroprevalência por Leishmania é uma preocupação de saúde pública. Foi com o objetivo de atualizar os números e ter uma imagem real do panorama nacional, que investigadores do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, com o apoio da MSD Animal Health e da LETI Pharma desenvolveram o estudo ‘Seroprevalência e Fatores de Risco Associados à Infeção por Leishmania em Cães de Portugal’, entre janeiro e março de 2021, no qual foram recolhidos questionários e amostras de sangue a 1860 cães de tutores particulares em Portugal Continental e utilizado um teste de aglutinação direta para calcular os níveis de anticorpos anti-leishmania.

As principais conclusões deste estudo dão conta de que a seroprevalência atual da infeção por Leishmania nos cães em Portugal é de 12,5%. Um valor que contrasta com os 6,3% verificados no último inquérito nacional realizado em 2009, após o qual foram introduzidas novas medidas profiláticas na Europa, como a vacinação.

O interior do País demonstra uma maior seroprevalência da infeção por leishmania face ao litoral, com Portalegre (30,5%), Castelo Branco (29,9%) e Guarda (19,3)%) a revelarem os níveis mais elevados. Viana do Castelo (0%), Aveiro (1,2%) e Leiria (3,9%) são as cidades menos afetadas. O Norte do País revela uma seroprevalência inferior ao Sul (9,6% no Norte contra 17,2% no Algarve).

O estudo concluiu, ainda, que os fatores de maior risco estão associados a cães com mais de dois anos, residentes em zonas mais interiores do país e que não usam repelentes.

“A chave para o controlo da leishmaniose canina e o seu impacto na saúde pública em áreas endémicas reside na implementação contínua de medidas profiláticas, através da utilização correta de repelentes/inseticidas e da vacinação, da deteção precoce e monitorização de cães infetados”, advertem os investigadores responsável pelo estudo.

Ver apresentação do estudo: https://www.msd-animal-health.pt/leishmaniose/