A estimativa de risco cardiovascular é um passo que ajuda os médicos a avaliar os efeitos das combinações dos fatores de risco de cada indivíduo. Só conhecendo o risco cardiovascular, se decide como o “abordar”.

Artigo da responsabilidade da Dra. Vitória Cunha, Secretária Geral da Direção da Sociedade Portuguesa de Hipertensão

As doenças cardiovasculares (DCV) são as que mais matam em todo o mundo. Na maioria das pessoas, as DCVs são o resultado de uma série de fatores de risco, cuja combinação pode conferir maior ou menor probabilidade de culminar num evento fatal, conforme presença e a “intensidade” desse fator. Será, por isso, relevante perceber que quem tem maior risco de ter um evento cardiovascular deve focar-se, séria e agressivamente, em preveni-lo.

ESTIMATIVA DE RISCO

É por este motivo que a estimativa de risco cardiovascular é um passo que ajuda os médicos a avaliar os efeitos das combinações dos fatores de risco de cada indivíduo, para planear a melhor estratégia terapêutica adequada a cada um.

Há fatores de risco chamados “modificáveis” e outros não modificáveis. Os últimos estão relacionados com a nossa genética e são, portanto, impossíveis de modificar com atitudes ou medicação. Mas os primeiros são os sobejamente falados, como tabaco, colesterol ou pressão arterial. A presença de cada um destes fatores num indivíduo confere maior probabilidade de se ter um “evento”, como um enfarte ou um acidente vascular cerebral (AVC), potencialmente fatal ou, pelo menos, que confere algum grau de incapacidade.

Por vezes, torna-se difícil estimar este “risco”, mas existem hoje tabelas que facilitam este cálculo. E será conforme o risco baixo, moderado, alto ou muito alto que o médico terá uma atitude mais ou menos agressiva em tratar cada doença. Por exemplo, num indivíduo com hábitos tabágicos, pressão arterial elevada e diabetes – muito elevado risco de ter um enfarte nos próximos 10 anos – o médico tentará reduzir ao máximo e o mais rápido possível o colesterol, controlar a pressão arterial e a diabetes, usando, de imediato, fármacos potentes para o fazer.

Caso o mesmo indivíduo não fumasse, não tivesse pressão arterial elevada ou diabetes, embora colesterol elevado, a primeira tentativa poderia ser em insistir na dieta, e só recorrer a fármacos se, nos meses seguintes, os valores de colesterol não reduzissem com as medidas tomadas – atingir objetivos semelhantes ao primeiro caso, mas sem “pressa”, sem recorrer de imediato a medicamentos. Significa isto que a agressividade do controlo dos fatores de risco tem em conta esse risco cardiovascular.

Leia o artigo completo na edição de maio 2019 (nº 294)