A disciplina oriental mais conhecida no ocidente não é apenas uma técnica para o desenvolvimento do corpo: os efeitos do ioga estendem-se ao mais profundo da mente humana.

 

Nascido na Índia, há mais de 5000 anos, o ioga (ou yoga) é mais do que uma modalidade de exercício físico: trata-se de uma verdadeira filosofia de vida e de um método que ajuda à realização pessoal.

O ioga é considerado como a primeira ciência psicológica do mundo, a primeira medicina natural e o precursor da medicina psicossomática. Ciência da saúde do corpo e da alma, conjunto organizado de princípios místicos e metafísicos, as suas técnicas foram elaboradas ao longo de muitos séculos, após uma minuciosa experimentação, com o propósito de conseguir um desenvolvimento integral do homem e de ajudá-lo a ter uma atitude perante a vida capaz de melhorar o seu estado físico e mental. O ioga permite alcançar um estado de profundo relaxamento, concentração, flexibilidade e vigor físico. Os seus efeitos notam-se, além disso, na beleza, na harmonia, na alegria, na serenidade e na firmeza demonstradas pelos seus adeptos.

Para praticar ioga e desfrutar dos seus benefícios, não é necessário possuir quaisquer características especiais; não é necessário ser magro, ginasta ou contorcionista; também não é preciso abraçar o vegetarianismo, nem levar uma vida monástica; muito menos é obrigatório iniciar-se nas suas doutrinas filosóficas. Pelo contrário: esta disciplina tem a vantagem de poder praticar-se em qualquer idade e em qualquer situação. As posturas – ou “asanas” – adaptam-se, inclusivamente, a executantes que têm alguma lesão ou debilidade física.

Os asanas realizam-se lentamente, sem esforçar o corpo nem efetuar movimentos bruscos, pelo que não há perigo de lesões. Trata-se, pois, de uma técnica singular, que atua como uma massagem benéfica para o sistema nervoso, aparelho respiratório, sistema circulatório e aparelho digestivo, entre outros.

Aprender a respirar

É fundamental aprender a respirar corretamente, isto é, de um modo coordenado. Isso permite relaxar o corpo e a mente, o que estimula a circulação e aumenta o fornecimento de oxigénio a todos os tecidos do organismo. Desta forma, a prática do ioga previne a anquilose provocada pela inatividade, pelo cansaço, pelas posturas incorretas e pelo envelhecimento. Por outro lado, através do ioga pode conseguir-se um corpo elástico e resistente, com maior capacidade mental, de concentração e de atenção, bem como melhor memória, mais vontade e maior firmeza de caráter.

Esta disciplina também contribui para combater as perturbações psicológicas, dado que as posturas do “hatha” ioga – a forma mais difundida no Ocidente – são extremamente sedantes.

O ideal para se iniciar nesta técnica é experimentar um centro especializado, onde – guiado por um mestre ou instrutor – poderá avançar, lenta e paulatinamente, no seu conhecimento. Nalgumas escolas, a primeira aula é de experiência e, por isso, gratuita. O mestre começa por ensinar um repertório de exercícios de respiração, bem como algumas posturas, precedidos de alongamentos, para que o corpo vá adquirindo flexibilidade. As classes incluem momentos de relaxamento, vitais no ioga, altura em que se descarrega a tensão.

Em alternativa a um centro especializado, poderemos praticar ioga de forma autodidata, servindo-nos de bons livros e de vídeos; então, é necessário procurar um local tranquilo e silencioso da casa e realizar os exercícios com assiduidade.

Poder terapêutico

É longa a lista de perturbações de saúde que podem receber alívio com a prática do ioga: artrite, artrose, escoliose – desvio da coluna vertebral –, dor ciática, dores de costas, obstipação, incontinência urinária feminina, insónias, problemas de próstata, obesidade, taquicárdia, asma e perturbações brônquicas, varizes, distúrbios intestinais e hepáticos, entre outros.

Mas o ioga é, também, indicado para as “dores” do espírito e da mente, como falta de memória e de concentração, o medo, certos problemas nervosos, timidez ou melancolia.

As pessoas idosas e os incapacitados melhoram notavelmente quando praticam ioga. Menção especial merecem ainda as grávidas, as quais, não podendo ser consideradas doentes nem incapacitadas, sofrem de diversas perturbações, ao longo daqueles importantes nove meses.

Quando existem problemas circulatórios, o ioga alivia a sensação de peso nas pernas e os formigueiros das mãos e dos pés. Os seus efeitos locais são favoráveis à prevenção e eliminação da celulite e da obesidade.

Por outro lado, esta disciplina oriental ajuda os doentes terminais, nomeadamente as vítimas de cancro. As suas técnicas de relaxamento proporcionam a força anímica necessária para enfrentar com serenidade a doença, a agonia e a morte.

Leia o artigo completo na edição de junho 2021 (nº 317)