De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2020, foram registados perto de 20 milhões de novos casos de cancro em todo o mundo. Cerca de 60 a 80% dos doentes oncológicos experienciam algum grau de dor em alguma fase da doença, pelo que a dor oncológica deve ser considerada pelos profissionais de saúde e pelos doentes.
No âmbito do Dia Mundial de Luta Contra o Cancro, que se assinala a 4 de fevereiro, a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) pretende sensibilizar para o impacto da dor nos doentes oncológicos e na sua qualidade de vida.
A dor oncológica é, muitas vezes, desvalorizada tanto pelos profissionais de saúde como pelos próprios doentes. Os profissionais de saúde tendem a focar-se na taxa de sobrevivência, acabando por negligenciar sintomas como a dor que tem um grande impacto na qualidade de vida dos doentes. Já os doentes, associam a dor a uma consequência da doença e muitos evitam a toma de outros fármacos, como analgésicos.
A Dra. Ana Pedro, presidente da Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED), afirma que “quando a dor oncológica não é adequadamente aliviada e tratada, pode causar cansaço, depressão, preocupação e isolamento por parte do doente. É fundamental haver uma maior valorização da dor ao longo do processo de tratamento oncológico, já que a terapêutica adequada permite melhorar significativamente a qualidade de vida destes doentes”
A dor oncológica pode ser causada pelo tumor e/ou metástases que pressionam as estruturas do corpo onde se localizam, causando dor, ou pelos tratamentos, como cirurgia, radioterapia e quimioterapia que podem provocar lesões inflamatórias, inflamações, neuropatias e dores musculares generalizadas.
A dor tem um impacto negativo nas diferentes dimensões da qualidade de vida dos doentes oncológicos, estando associada à perda de mobilidade e de capacidade de exercer atividades diárias, resultando em isolamento pessoal e social, absentismo laboral, com um grande impacto psicológico, marcado por sintomas de tristeza e depressão. Além disso, a dor pode diminuir a tolerância dos doentes à terapêutica oncológica, contribuindo para o abandono do tratamento, com consequências graves.