Passados mais de dois anos, é evidente que a pandemia de Covid-19 terá impactos significativos, e ainda não completamente dimensionados, na sociedade. Contudo, apesar de ser um período muito delicado a nível global, ficou evidente que a área da saúde e da investigação progrediu rapidamente e, desde então, novos conhecimentos, técnicas e inovações estão a ser desenvolvidas e implementadas em todo o mundo para combater outras doenças muito antes do que se previa.

Artigo da responsabilidade de Paula Covey, Chief Marketing Officer Health da Allianz Partners

 

A pandemia desencadeou um esforço coletivo de proporções gigantescas na comunidade global da área da ciência e da saúde para desenvolver uma vacina o mais rapidamente possível, cujos resultados estão agora a transformar a medicina.  O mundo está prestes a presenciar vários avanços potencialmente significativos, principalmente graças à pesquisa contínua de vacinas de alta tecnologia, baseadas em genes, que agora podem beneficiar pacientes com cancro, doenças cardíacas e doenças infeciosas.

O relatório “COVID-19: Como a pandemia acelerou o Futuro da Assistência Médica”, desenvolvido por Ray Hammond, conceituado autor e futurista britânico, analisa esta aceleração, sem precedentes, do desenvolvimento na investigação na área da saúde.

As tecnologias desenvolvidas para produzir as vacinas mRNA contra a Covid-19 estão agora a ser utilizadas para melhorar outros tipos de tratamentos. Atualmente, investigadores da Yale School of Medicine estão a trabalhar numa vacina contra a malária, enquanto que, no King’s College London, está a ser desenvolvido um estudo em animais que mostra que é possível regenerar com sucesso o tecido do coração danificado durante os ataques cardíacos. A farmacêutica Moderna já iniciou testes para uma vacina contra o HIV. Os ensaios clínicos para novos medicamentos e tratamentos também foram redefinidos e acelerados sem incorrer em riscos adicionais à saúde dos participantes.

Por outro lado, a pandemia de Covid-19 desencadeou também uma evolução no uso da telemedicina, das enfermarias virtuais e da tecnologia da saúde para tratar pacientes remotamente e, consequentemente, reduzir o risco de propagação do vírus. A Covid-19 acelerou consideravelmente essa prática, e agora as capacidades tecnológicas estão mais presentes na saúde do que nunca. Esta tendência de utilização de tecnologia digital permitiu uma redução substancial na sobrecarga nos consultórios e nos hospitais.

Por exemplo, pacientes não críticos podem ser tratados em casa, através de uma enfermaria virtual equipada com uma série de sensores corporais, incluindo oxímetros de dedo, que medem os níveis de oxigénio na corrente sanguínea. Outros sensores detetam e registam os batimentos cardíacos, a temperatura corporal, os padrões de sono, os níveis de glicose no sangue, os níveis de respiração e a atividade elétrica do coração.  Pacientes com problemas respiratórios podem usar um estetoscópio sem fios, que permite ao médico escutar remotamente o seu desempenho pulmonar. Para os bebés, existem “meias inteligentes” para monitorizar os sinais vitais. Num futuro próximo, monitorizar pacientes nas enfermarias virtuais introduzidas nos últimos dois anos tonar-se-á mais eficiente, à medida que os sistemas de inteligência artificial (IA) assumirem o papel de monitorizar os pacientes 24 horas por dia.

Em suma, a Covid-19 provocou a morte de milhões de pessoas em todo o mundo. No entanto, este acontecimento histórico teve também uma consequência muito positiva – a transformação na ciência e na assistência médica – e as inovações médicas resultantes da pandemia podem vir a salvar a vida de milhões de pessoas no futuro.