Quantos de vós já pararam para pensar no quão importante é brincar? E no que uma simples brincadeira pode ajudar no crescimento saudável de uma criança?

Artigo da responsabilidade da Dra. Marisa Marques. Psicóloga Clínica e da Saúde.

 

A maior parte de nós, adultos, recorda-se da infância como uma altura em que não havia a noção do tempo, da responsabilidade e/ou da azafama do dia-a-dia imposto pela nossa sociedade e pela idade adulta.

Recordamo-nos do tempo que tínhamos nos intervalos das aulas, o tempo que tínhamos entre escola e a hora de jantar, que era preenchida entre duas coisas: os trabalhos de casa e muitas e muitas horas de brincadeira (sozinhos ou com irmãos, primos, amigos, pais,).

Mas essas não passam das nossas memórias apenas, pois os tempos mudaram muito, a sociedade mudou e, consequentemente, as famílias também mudaram muito. Atualmente vivem num contra-relógio, sobrecarregas de tarefas, horários e obrigações sociais que nos fazem ter pouco tempo e cada vez menos tempo de qualidade para e com as nossas crianças.

Se bem que as próprias crianças também vivem agora numa exigência dos tempos letivos, atividades extra-curriculares e as obrigações escolares que querem transformar as nossas verdadeiras crianças em verdadeiras “crianças diligentes”. E para acrescentar a este panorama desfavorável, o que vemos em muitas famílias é que o tempo de brincar e livre de obrigações resume-se ao curto espaço de tempo das antes das refeições e aos domingos. E estes são passados nas novas tecnologias e videojogos.

É verdade que brincar é uma parte importante do desenvolvimento infantil, pois ajuda as crianças a desenvolver competências físicas, cognitivas, sociais e emocionais. No entanto, muitas crianças atualmente parecem ter agendas demasiado ocupadas e pouco tempo para brincar livremente. Por estranho que possa parecer, ao condicionarmos o tempo livre da criança para brincar, estamos a inibir que a mesma desenvolva todo o seu potencial e cresça de forma saudável.

Brincar é a ação que a criança executa para se autoconhecer e para conhecer o mundo, é uma necessidade que observamos desde muito cedo, quando os bebés tentam interagir com o seu mundo social, com os brinquedos e com o seu próprio corpo.

O jogo e a brincadeira, para além de ser uma forma de se divertir, é também o melhor veículo para elas experienciem os diferentes papéis, expressem os seus sentimentos, desenvolvam as capacidades cognitivas e aprendam a “ser” e a “estar”.

Relembro que estas são as competências essenciais para que as crianças se consigam adaptar positivamente às diferentes circunstâncias do dia-a-dia, nomeadamente às exigências escolares e, mais tarde, às exigências da vida adulta.

Brincar é um nutriente essencial ao desenvolvimento infantil, é uma forma de a criança experienciar felicidade e de desenvolver uma autoestima saudável! Por isso, use e abuse da hora de brincar com o seu filho e aproveite para colocar em prática a sua “criança interior”!