A obesidade e o excesso de peso é um problema em Portugal e no mundo. A reeducação alimentar é uma alteração permanente de mentalidade face à comida. Mas é apenas o primeiro passo.

Artigo da responsabilidade da Dra. Renata Migueis. Nutricionista. Diet Academy

 

Muito antes de chegar a notícia de que estava instalada uma pandemia com o SARS-CoV-2, o mundo já estava a adoecer com outro problema global e que ultrapassa fronteiras: o excesso de peso e a obesidade.

Os números são claros: de acordo com a Organização Mundial de Saúde, a obesidade quase triplicou desde 1975. Em Portugal, segundo o Inquérito Nacional de Saúde 2019, a obesidade afeta 1,5 milhões de pessoas adultas (16,9% da população). Já as estatísticas do estudo Health at a Glance (2020) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico retratam uma prevalência ainda superior, indicando que 28,7% da população portuguesa adulta sofre com obesidade e que quase 70% está acima do peso recomendado, o que coloca Portugal como o terceiro país europeu com maior número de obesos.

E as previsões não são animadoras: segundo o World Obesity Report, a este ritmo, a população com obesidade em Portugal será ainda maior em 2025.

COMO REVERTER ESTE QUADRO?

Uma alteração de panorama só é possível com uma mudança massiva de hábitos pela maior parte da população. A resposta é simples, mas o caminho para atingir este objetivo não é tão simples assim.

O ganho de peso e o acúmulo de gordura corporal acontece quando são consumidas mais calorias do que são gastas. Por isso, medidas públicas e privadas unem esforços para alterar a mentalidade de gerações inteiras já habituadas ao consumo exagerado de calorias e acomodadas à inércia de atividade física, na tentativa de equilibrar esta matemática do ganho de peso ao longo dos anos.

Em tempos onde o trabalho é cada vez mais sedentário e o consumo calórico avultado é uma realidade, providências são tomadas por parte dos governos para, basicamente, impor a alteração de hábitos de consumo e de rotina pela população: políticas de preço, proibição de alimentos nas escolas, redução de adição de açúcar nos alimentos, advertências nos rótulos, alargamento no atendimento de pessoas obesas no contexto hospitalar e aumento do tempo dedicado à atividade física nas escolas são algumas das práticas atuais.

Entretanto, além de políticas públicas de qualidade, alterar padrões também consiste em iniciativas individuais que começam dentro de casa.

ALTERAÇÃO INDIVIDUAL E PERMANENTE DE MENTALIDADE

A chamada reeducação alimentar é uma alteração individual e permanente de mentalidade e escolhas no contexto da alimentação e não deve ser encarada como mais uma “dieta da moda”.

Traduz-se em minimizar o consumo frequente e em quantidade, principalmente, de alimentos de alta densidade calórica, como gelados, sumos e refrigerantes, refeições do tipo fast-food, doces e batatas fritas, por exemplo, além de priorizar uma alimentação saudável e de acordo com as necessidades individuais.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2021 (nº 321)