A vacinação antipneumocócica é a forma mais eficaz de prevenir a pneumonia. Pode ser feita em qualquer altura do ano e a sua prevenção pode significar a diferença entre a vida e a morte.

Artigo da responsabilidade do Prof. José Alves, Médico Pneumologista; Presidente da Fundação Portuguesa do Pulmão

 

Potencialmente fatal, a pneumonia traz consequências (muito) graves para o doente. Em Portugal, mata um adulto a cada 90 minutos. Só em tratamentos e internamentos, custa ao Estado uma média de 80 milhões de euros anuais, o equivalente a 218 mil euros por dia. A vacinação antipneumocócica é a melhor forma de a prevenir e está particularmente indicada entre os grupos de risco.

A pneumonia é transversal. Pode afetar pessoas de todas as idades e de qualquer classe social, mesmo as consideradas saudáveis. É responsável por mortes e internamentos em todos os grupos etários. No entanto, é particularmente incidente entre os mais novos e os mais idosos.

IDADE É FATOR DE RISCO

Por estar diretamente relacionada com a nossa imunidade – mais baixa nos extremos da vida – a idade é um dos principais fatores de risco da pneumonia. À medida que envelhecemos, tornamo-nos mais vulneráveis a bactérias como o pneumococo, o grande responsável pela doença. Crianças no início da vida e adultos a partir dos 65 anos estão entre os mais frágeis, a par de pessoas que, a partir dos 50 anos, sofram de com comorbilidades como diabetes, doença cardíaca crónica, asma ou DPOC. Todos pertencem aos grupos de risco e, por isso, devem ter especial atenção à prevenção.

Existe, desde junho de 2015, uma norma da Direção Geral da Saúde (DGS) que recomenda a vacinação a todos os adultos (pessoas com mais de 18 anos) pertencentes aos grupos de risco, nomeadamente diabéticos, pessoas com asma, DPOC ou doença cardíaca crónica.

A cada 18 minutos, há um internamento por pneumonia, um equivalente a 81 pessoas por dia. Dezasseis acabam por morrer. A maioria destes episódios pode ser evitada, ou não fosse a pneumonia uma das principais causas de morte preveníveis através de vacinação.

Sabemos que a pneumonia mata e que a sua prevenção está recomendada pela DGS a grupos de adultos com risco acrescido de a contrair. Por falta de informação, prescrição ou motivação, ainda são poucos os seguem estas recomendações. É tempo de mudar e, tal como acontece com as crianças (para quem está em PNV), trazer a vacinação para a ordem do dia, transformando-a numa prioridade (também) na idade adulta.

INFORMAÇÃO E PREVENÇÃO

A maioria das pessoas tem dificuldade em identificar os sintomas da pneumonia. Demasiadas vezes confundida com uma gripe, são poucos os que conhecem as formas de prevenção.

Em caso de pneumonia, é fundamental que se conheçam os sintomas, e que se recorra atempadamente aos serviços médicos. Sintomas como tosse com expetoração, febre, calafrios, falta de ar, dor no peito ao inspirar fundo, vómitos, perda de apetite e dores no corpo devem ser levados a sério, tal como gripes que não apresentem melhorias ou que vão piorando de forma progressiva.

A vacinação antipneumocócica é a forma mais eficaz de prevenir a pneumonia. Pode ser feita em qualquer altura do ano e a sua prevenção pode significar a diferença entre a vida e a morte. Está indicada, na União Europeia, para todas as pessoas a partir das 6 semanas de vida. Previne, para além da pneumonia, formas graves da infeção por pneumococos, como a meningite e a septicemia, e outras menos graves como a otite média aguda e a sinusite.

Da prevenção da pneumonia fazem, também, parte a vacinação antigripal, que deve ser tomada anualmente, a redução do consumo de tabaco e o tratamento de doenças associadas que potenciem o aparecimento de pneumonias.

Nesta altura do ano, devemos evitar ambientes com grande aglomeração de pessoas, protegermo-nos convenientemente do frio e lavar bem as mãos. Uma hidratação e uma alimentação corretas completam esta pequena lista de recomendações.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2017 (nº 277)