A hiperplasia benigna da próstata é uma das doenças benignas mais comuns nos homens, sendo uma patologia com mais incidência do que o cancro da próstata. No entanto, permanece desconhecida pela maioria da população.
Artigo da responsabilidade do Prof. Estêvão Lima, diretor de Serviço de Urologia do Hospital de Braga
A próstata é uma glândula que se situa entre a bexiga e o pavimento pélvico, sendo atravessada pela parte inicial da uretra, e desempenha importantes funções para a fertilidade masculina. Quando esta aumenta de volume, pode estreitar de forma gradual a uretra, dificultando o fluxo da urina.
A hiperplasia benigna de próstata (HBP) é uma entidade clínica difícil de caracterizar, porque praticamente todas as próstatas crescem com o envelhecimento e histologicamente tem hiperplasia do tecido prostático. Isto acontece porque, após a puberdade, os testículos começam a produzir testosterona, que se vai transformar em dihidrotestosterona na próstata, hormona que induz o crescimento prostático. Assim, praticamente todas as próstatas vão crescer – umas mais do que outras – sendo esse crescimento determinado, em princípio, por fatores genéticos, já que até agora nunca foi demonstrado que os fatores ambientais – tais como a alimentação, a atividade sexual ou outros – tivessem influência no crescimento da próstata.
SINTOMAS PERTURBADORES E INCAPACITANTES
A hiperplasia benigna de próstata está muito relacionada com o envelhecimento, sendo muito comum nos homens com mais de 40 anos. A sua prevalência aumenta progressivamente com a idade, atingindo o pico por volta dos 80-90 anos. Em Portugal, cerca de 50% dos homens com mais de 50 anos tem sintomas sugestivos de HBP, podendo esta percentagem atingir os 80% nos homens com mais de 75 anos.
Os sintomas da hiperplasia benigna da próstata resultam, não só do obstáculo ao fluxo urinário, como consequência do aumento do volume da próstata, mas também da disfunção da bexiga e apresentam um forte impacto na qualidade de vida dos doentes. Os sintomas mais comuns são: jato urinário fraco, fino e, por vezes, interrompido; idas frequentes à casa de banho; vontade súbita de urinar com perdas involuntárias de urina; dificuldade em iniciar a micção; e interrupção frequente do sono para ir três ou quatro vezes à casa de banho, facto que faz com que sono se torne menos descansado e retemperador. Estes são sintomas que podem ser extremamente perturbadores e incapacitantes, uma vez que podem provocar estados de ansiedade/depressão e obrigar o doente a mudar o modo de vida para enfrentar os sintomas urinários.
É POSSÍVEL MELHORAR OS SINTOMAS
Apesar de não existir forma de prevenir o aparecimento da doença, é possível melhorar os sintomas. O objetivo do tratamento é a melhoria dos sintomas do trato urinário inferior (LUTS) e da qualidade de vida do doente, bem como prevenir complicações relacionadas com a HBP, o que se consegue, na maior parte dos doentes, através de medicação.
O tratamento médico faz-se com medicamentos que relaxam a musculatura do colo vesical e uretra prostática, tais como os bloqueadores alfa adrenérgicos e os inibidores da fosfodiaterase do tipo 5, e com fármacos que inibem uma enzima que existe na próstata, evitando o aumento do volume prostático ou promovendo mesmo a sua redução.
Leia o artigo completo na edição de setembro 2018 (nº 286)
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