A fibromialgia é unanimemente considerada uma síndrome extremamente debilitante. O tratamento farmacológico revela-se medianamente eficaz, em muitos casos, necessitando de uma associação com outras terapias. Assim, a alimentação assume-se como um importante aliado.

 

AlexandreArtigo da responsabilidade do Dr. Alexandre Fernandes, nutricionista

A fibromialgia é considerada uma síndrome, já que se trata de um conjunto de manifestações clínicas, tais como dor, fadiga, edemas, indisposição e distúrbios do sono, os quais podem levar a pessoa a desenvolver uma depressão, síndrome do cólon irritável e até mesmo incómodos ao urinar – ou seja, é uma síndrome dolorosa não-inflamatória.

Esta síndrome é essencialmente caracterizada por uma dor crónica e generalizada, principalmente em tendões e articulações. O nome da síndrome provém do Latim “fibro” (tecido fibroso, tendões, ligamentos, fáscia) e do Grego “mio” (tecido muscular), “algos” (dor) e sufixo “ia” (condição), que junto significa: “condição de dor proveniente dos tendões”. Não se sabe ao certo a sua causa, daí a necessidade de serem efectuados mais estudos científicos a fim de descobrir a génese da fibromialgia.

SÍNDROME COM GRANDE IMPACTO

A fibromialgia é uma doença relacionada diretamente com o sistema nervoso central, porque existe uma alteração nos mecanismos de perceção da dor relativamente a um estímulo de dor crónica, processo inflamatório, infeccioso ou stressante. É uma doença que acomete maior número de pacientes do sexo feminino, com idades geralmente compreendidas entre os 35 e os 50 anos, podendo causar um grande impacto no seu bem-estar, qualidade de vida e desempenho profissional.

O tratamento é, geralmente, constituído por fármacos e tem como objetivo atenuar os sintomas, ou seja, aliviar as dores, melhorar o sono, diminuir a fadiga/cansaço e restabelecer o equilíbrio emocional da pessoa que sofre com esta patologia. Porém, o tratamento farmacológico tem-se mostrado medianamente eficaz na maioria dos casos, necessitando de uma associação com terapias não medicamentosas. Assim, a alimentação assume-se como um importante aliado no tratamento da fibromialgia.

RECOMENDAÇÕES ALIMENTARES

  • A pessoa que sofre de fibromialgia deve evitar alimentos que contenham cafeína, teína e outras substâncias estimulantes, uma vez que podem atrapalhar o sono, que nos pacientes com a síndrome já se encontra prejudicado. Aconselha-se, em alternativa, a ingestão de infusões com propriedades calmantes, ou seja, que induzam o sono: erva-cidreira, passiflora, hortelã, melissa e camomila.
  • Devido a uma ingestão prolongada de medicamentos analgésicos, utilizados para aliviar as dores, recomenda-se o aumento da ingestão de alimentos ricos em ácido ascórbico (vitamina C) e potássio, como frutas cítricas, manga, papaia, kiwi, morango, acerola, brócolos, banana, farelo de aveia, nozes e damasco. Importante também são os alimentos ricos em cálcio (que se encontram em amêndoas, couves, brócolos, agrião, leite, iogurtes e outros lacticínios, preferencialmente magros, atum e feijão); e em magnésio (sementes de abóbora e girassol, gergelim, banana, grão-de-bico, lentilhas, quiabo, algas marinhas, couves, grânola, aveia, arroz integral e tofu). Estes minerais são fundamentais e melhoram a contração muscular e a transmissão dos impulsos nervosos.
  • A coenzima Q10 também é um nutriente importante no tratamento da fibromialgia, já que atua em sinergia com a vitamina A e E, melhorando e beneficiando o sistema imunitário.
  • Porém, como a maioria das pessoas que sofrem de fibromialgia desenvolve uma depressão, a ingestão de alimentos ricos no aminoácido triptofano é importante, dado que este é essencial para a produção de serotonina – neurotransmissor que confere uma sensação de bem-estar e relaxamento, vulgarmente designado como a “hormona da felicidade”. Este aminoácido pode encontrar-se em alimentos como carnes magras (peito de peru e peito de frango), leite desnatado e banana, por exemplo.
  • Segundo alguns estudos, uma alimentação vegetariana ou uma alimentação pobre em proteínas de origem animal e rica em proteínas de origem vegetal têm-se revelado eficazes na redução da sintomatologia fibromiálgica. O mesmo se aplica ao incremento do consumo de alimentos mais naturais, como frutas, vegetais, legumes e hortaliças, e a uma diminuição da ingestão de alimentos industrializados, que também são ricos em sal, açúcares e gorduras (principalmente as gorduras trans).
  • Aconselha-se a comer mais peixe do que carne, porque a digestão do pescado é mais fácil e os seus benefícios para a saúde também são mais evidentes.
  • Uma alimentação equilibrada, rica em alimentos antioxidantes e anti-inflamatórios, auxilia no tratamento da doença. Se necessário, para conseguir por em prática uma dieta mais equilibrada e personalizada, consulte um nutricionista.

ALIMENTOS A EVITAR

Existem alimentos que, quando consumidos diariamente ou em excesso, comprometem a saúde do doente com fibromialgia, podendo mesmo desencadear alguns dos sintomas. Esses alimentos são:

  • Ricos em oxalatos, como espinafres, acelga ou beterraba.
  • Ricos em purinas, como vísceras, carnes vermelhas e mariscos.
  • Ricos em gorduras saturadas, como carnes vermelhas gordas, produtos de charcutaria e de salsicharia, manteiga e lacticínios gordos.
  • Alimentos vegetais da família das solanáceas, como tomate, batata e beringela.
  • E ainda: álcool, café, chá, açúcares e sal.

OUTRAS RECOMENDAÇÕES

  • Para quem fuma, como já é sabido, a nicotina é uma substância estimulante e que deve ser evitada.
  • Algumas atitudes e comportamentos, como situações de grande ansiedade, stress perto da hora de ir dormir, ler ou estudar na cama, ver televisão na cama, por exemplo, também devem ser evitados.
  • Estabeleça um horário regular para dormir. Cumprir um horário pré-estabelecido é importante para uma boa noite de sono, contribuindo para o tratamento da fibromialgia.

Referências bibliográficas

SIENA, Larissa Renata; MARRONE, Lucievelyn. A influência da alimentação na redução ou agravamento dos sintomas apresentados em pacientes portadores de fibromialgia. Revista Saúde e Pesquisa, v. 3, n. 3, p. 339-343, set-dez, 2010.

BRIOSCHI, Elisangela F. C. et al. Nutrição funcional no paciente com dor crônica. Rev Dor, 2009; 10: 3: 276-285.

O que é fibromialgia. Disponível em: www.fibromialgia.com.br

Artigo publicado na Edição de Maio 2015 (nº 250)