O enfarte agudo do miocárdio é uma das principais causas de morte em portugal.  O seu prognóstico está diretamente relacionado com a rapidez do diagnóstico e tratamento na fase aguda e com o controlo agressivo dos fatores de risco após a alta hospitalar.

 

Artigo da responsabilidade do Prof. Pedro Monteiro, Cardiologista do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

 

O enfarte agudo do miocárdio (EAM) resulta da oclusão de uma artéria coronária (vaso cardíaco), condicionando numa fase inicial isquemia (sofrimento) reversível, que rapidamente evolui para necrose (morte) das células do músculo cardíaco irrigado por essa artéria. Neste contexto, o diagnóstico precoce e o tratamento imediato do doente com EAM são determinantes para salvar o músculo cardíaco e evitar a morte das suas células, reduzindo de forma significativa a taxa de mortalidade e complicações.

Por sua vez, em Portugal, os doentes tendem a reconhecer os sintomas de alerta do EAM e a procurar os cuidados médicos demasiado tarde, comprometendo de forma definitiva o seu prognóstico.

O QUE FAZER?

Perante a suspeita de um EAM, é crucial ligar imediatamente para o número de emergência médica 112, por dois motivos essenciais: rapidez no diagnóstico e transporte em segurança para um hospital com capacidade de tratamento do EAM.

A atuação rápida do INEM, com profissionais treinados e equipados para fazer o diagnóstico de EAM em ambiente pré-hospitalar, permite o transporte direto do doente para um hospital com capacidade para realizar angioplastia primária (reabertura da artéria ocluída), o tratamento de eleição do EAM, evitando a admissão em hospitais sem condições para fazer este tratamento e reduzindo drasticamente os tempos de atraso relacionados com o transporte inter-hospitalar.

PREVENÇÃO DA RECORRÊNCIA

O risco de repetição de eventos cardiovasculares permanece muito elevado após a alta hospitalar, mesmo para além do primeiro ano após EAM.

De acordo com a evidência científica, 1 em cada 5 doentes que sobrevive ao internamento hospitalar apresenta um novo evento (morte cardiovascular, EAM ou acidente vascular cerebral) durante o primeiro ano após EAM e 20% dos doentes sem evidência de complicações cardiovasculares no primeiro ano sofrem um novo evento nos 3 anos seguintes.

Para evitar a recorrência de EAM é essencial o controlo agressivo de todos os fatores de risco cardiovascular e o cumprimento rigoroso da medicação prescrita.

Leia o artigo completo na edição de novembro 2019 (nº 299)