A Medicina Oncoestética é uma área inovadora, que une a Oncologia Médica à Medicina Estética. Pelo impacto que esta abordagem tem na vida destes doentes, é fundamental subespecializar os médicos-estéticos nesta área de intervenção.
Artigo da responsabilidade da Profª. Drª. Áurea Lima. Médica interna de formação especializada em Oncologia Médica e Pós-graduada em Medicina Estética
O cancro é uma doença crónica, de incidência e prevalência crescentes, e com enorme impacto físico, psicológico e social, tanto no doente como na sua família.
A pele, o maior órgão do corpo humano é uma “capa” que nos reveste e que nos expõe perante o Mundo que nos circunda. Por isso, uma pele cuidada e saudável reflete autoconfiança, segurança e bem-estar.
Cada cancro, num doente em particular, assume uma história peculiar e a pele é um companheiro do doente oncológico em todo o seu percurso.
ALTERAÇÕES NA PELE
A pele pode sofrer diversas alterações condicionadas por inúmeros fatores, que podem agrupar-se em três grupos:
Fatores do doente
- Tipo de pele: muito seca/seca, normal/mista, oleosa/muito oleosa;
- Estado de pele: saudável ou patológica, acneica, hiperpigmentada, sensível/reativa, envelhecida, psoriática;
- Estado de saúde/doença e medicação diária habitual.
Fatores da doença
- Localização: sangue ou órgão sólido;
- Estadio: localizado, localmente avançado ou metastático;
- Fase: ativa, vigilância, sobrevivente.
Fatores do tratamento
- Fase: presente ou ausente;
- Objetivo: curativo, paliativo ou de suporte;
- Tipo: cirurgia, quimioterapia, imunoterapia, terapêuticas-alvo, radioterapia.
Por este motivo, abordar um doente oncológico em particular não é tarefa fácil, e carece de uma avaliação cuidada e minuciosa.
CUIDADOS DERMOCOSMÉTICOS DA FACE
Relativamente aos cuidados dermocosméticos da face, estes devem contemplar rotinas bidiárias, que englobem os diferentes passos de uma rotina cosmética, nomeadamente a higiene, a hidratação/nutrição e a proteção, tanto da pele como das mucosas.
As formulações não devem conter fragâncias, álcool e/ou parabenos, os produtos devem ser hipoalergénicos e cosmeticamente agradáveis, e as formas farmacêuticas devem ser adaptadas ao tipo de pele.
Cuidados particulares, com formulações e ativos específicos, podem ser aconselhados perante diferentes estados de pele. Não obstante, a pele oncológica é, muitas vezes, uma pele sensível, fragilizada e fotorreativa.
SITUAÇÕES PARTICULARES
Para situações particulares, como por exemplo cicatrizes pós-cirurgia, é fundamental a hidratação/nutrição com ativos cicatrizantes, como as formulações de cobre e zinco, que permitem uma reparação máxima da pele, de uma forma contínua, para que a cicatrização ocorra de forma organizada. Isto aliado a uma proteção solar adequada, para que seja possível prevenir a formação de discromias.
Já em casos de radiodermite, preconiza-se:
- o uso de syndet, um tipo de detergente sintético que contém menos de 10% de sabonete e que tem o pH ajustado entre 5,5 e 7, de forma a provocar menor irritação na pele;
- o emprego de “águas termais”, constituídas por cálcio e magnésio, com um pH neutro, e ricas em silicones e ingredientes ativos biológicos, lhes confere propriedades calmantes que favorecem a reparação da pele mais sensível; e
- o uso de produtos emolientes, mais nutritivos, que reforçam o filme hidrolipídico da pele e, deste modo, impedem a perda transepidérmica de água (e consequente desidratação/secura), ao mesmo tempo que reforçam a integridade da barreira cutânea, protegendo-a.
Pelo exposto, facilmente se compreende a necessidade de uma avaliação clínica completa, por um médico com competências na dualidade da Oncologia Médica e Dermocosmética.
MEDICINA ONCOESTÉTICA
Complementar às rotinas cosméticas adequadas para uma pele saudável, o doente oncológico pode ainda desejar melhorar a aparência física, corrigir defeitos inestéticos, patológicos ou não, recorrendo à Medicina Estética para a realização de procedimentos não invasivos ou minimamente invasivos. A este nível, é fundamental que o médico-estético, além das competências na área da Medicina Estética, tenha conhecimentos na área da Oncologia, com vista a desenvolver capacidades, competências e atitudes para com a doença oncológica.
A Medicina Oncoestética – ou Medicina Estética em Oncologia – é uma área inovadora, que une a Oncologia Médica à Medicina Estética. Pelo impacto que esta abordagem tem na vida destes doentes, é fundamental subespecializar os médicos-estéticos nesta área de intervenção.
A preocupação com a imagem, bem como as repercussões desta na autoestima e no papel social de cada doente, tornaram-se pilares inegáveis. Características como simetria, harmonia, luminosidade, homogeneidade e jovialidade contribuem, não só para uma aparência mais atraente e esteticamente aceite, como também para uma autoestima mais positiva, com consequente menor probabilidade de doença mental.
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