Um novo estudo realizado com crianças japonesas revela que aqueles que sofrem de doença inflamatória intestinal, e sobretudo aqueles com a doença de Crohn, têm carência de micronutrientes essenciais como o selénio e o zinco.

 

As doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerosa, podem desencadear episódios recorrentes de dor abdominal, alterações do trânsito intestinal e outros sintomas bastante desagradáveis. Um estudo recente realizado com crianças japonesas, com menos de 17 anos, demonstrou que há uma ligação entre a prevalência de doença inflamatória intestinal e as deficiências em micronutrientes essenciais, como selénio e zinco.

Níveis de antioxidantes significativamente mais baixos

O estudo1, publicado na Digestive Diseases and Sciences, em Junho de 2021, inclui 98 participantes com doença de Crohn, 118 participantes com colite ulcerosa e 43 participantes saudáveis (grupo controlo). Ao comparar a prevalência destas patologias e a quantidade de micronutrientes, os investigadores puderam observar claramente que os níveis dos dois antioxidantes eram significativamente mais baixos nos doentes, especialmente aqueles que sofrem da doença de Crohn.

Essencial para as defesas do organismo contra a inflamação

O selénio e o zinco estão envolvidos numa série de processos biológicos relacionados com a inflamação. O selénio é necessário para o funcionamento normal de algumas enzimas dependentes de selénio chamadas selenoproteínas, existindo cerca de 25-30 no corpo humano. Duas dessas selenoproteínas – a selenoproteína S e a selenoproteína K – têm um papel importante na redução das vias de sinalização inflamatória, ou seja, o selénio suporta as selenoproteínas que têm um efeito anti-inflamatório comprovado.

É fundamental obter as quantidades suficientes

O zinco também desempenha um papel essencial, na medida em que a sua deficiência aumenta o número de células pró-inflamatórias e a permeabilidade intestinal de certas citocinas inflamatórias, responsáveis pela promoção da inflamação. Portanto, é fundamental que as pessoas com inflamação intestinal obtenham quantidades suficientes de selénio e zinco, pois ajuda a controlar os sintomas.

Destrói a absorção de nutrientes no intestino

As doenças inflamatórias intestinais afetam negativamente a absorção dos micronutrientes presentes nos alimentos, pois a inflamação tem um impacto negativo na permeabilidade da mucosa intestinal.

A suplementação com selénio e zinco parece ser uma boa solução, pois é uma forma fácil de obter a dose necessária de ambos os nutrientes.

Um papel importante na proteção contra o cancro?

Além de um papel protetor nas doenças inflamatórias do intestino, o selénio e o zinco demonstraram ter um efeito profilático nos adenomas colorretais, que são tumores benignos que podem potencialmente evoluir para cancro do intestino caso não seja tratado atempadamente.

Num estudo italiano2 randomizado controlado publicado no Journal of Gastroenterology em 2013, a suplementação com selénio e zinco juntamente com as vitaminas A, B6, C e E mostrou reduzir significativamente a recorrência de adenomas no intestino grosso em doentes submetidos a cirurgia de remoção de adenomas, antes da suplementação. O período de intervenção de cinco anos, em que os participantes foram aleatoriamente escolhidos para receber suplementação ativa ou placebo, reduziu em aproximadamente 50% o risco de recorrência do adenoma.

Fontes:

Digestive Diseases and Sciences, Junho de 2021 (doi: 10.1007 / s10620-021-07078-z)

 Journal of Gastroenterology, Junho de 2013; 48 (6): 698-705.