Muitas pessoas, em busca de resolução para a sua perda auditiva, avançam “pelo próprio pé”, de forma desaconselhada, para a aquisição de soluções simples, mas nem sempre adequadas. Estas pessoas deveriam saber que o diagnóstico correto e o tratamento recomendado cabem a um profissional de saúde devidamente credenciado.
Artigo da responsabilidade de António Ricardo Miranda. Presidente de Direção da OUVIR – Associação Portuguesa de Portadores de Próteses e Implantes Auditivos
Tudo começa mal, quando as pessoas, perante sintomas de perda auditiva, em vez de iniciarem o processo pelos Cuidados de Saúde Primários (o médico de família, que muitos, infelizmente, não têm), fazem a sua autoanálise de forma leiga e infundamentada e, em seguida, procuram uma solução “fácil” através da internet ou ao virar da esquina O problema é que estas “soluções” raramente o são, de facto.
É necessário saber quais são os procedimentos corretos perante suspeita de perda auditiva. E é o que vamos explicar neste artigo.
COMO PREVENIR
Em primeiro lugar, as pessoas devem saber, tal como em qualquer patologia, como prevenir a perda auditiva. Existem várias formas de prevenir esta perda, quando ela não é inevitável:
- Proteger os ouvidos de ruídos altos, usando protetores auriculares ou mantendo o volume baixo em auriculares ou auscultadores de ouvido e através de altifalantes;
- Evitar a exposição prolongada a ruídos altos, como música alta ou maquinaria pesada;
- Tratar rapidamente as infeções de ouvido e outras condições que possam afetar a audição;
- Efetuar exames auditivos regulares, para detetar os problemas precocemente;
- Evitar o uso de cotonetes ou outros objetos para limpar o ouvido, pois isso pode causar danos ao canal auditivo;
- Manter uma alimentação saudável e equilibrada, pois alguns nutrientes, como vitaminas e minerais, são importantes para a saúde auditiva.
IDENTIFICAR OS SINTOMAS
Quando se origina a perda auditiva, mesmo sem uma perceção real do problema, deve começar-se por identificar os sintomas. Alguns sintomas de surdez incluem:
- Dificuldade em ouvir conversas em ambientes barulhentos;
- Dificuldade em entender a fala de mulheres e crianças;
- Aumento do volume da televisão ou do rádio;
- Dificuldade em ouvir o toque do telefone, do telemóvel ou da campainha;
- Zumbido nos ouvidos;
- Sensação de ouvido entupido;
- Dificuldade em ouvir sons de alta frequência, como o canto dos pássaros ou o som de um alarme.
Caso se experimente qualquer um destes sintomas, é importante procurar um profissional de saúde auditiva para uma avaliação completa, ou em caso de dificuldade, consultar o médico de família.
COMO FUNCIONA A AUDIÇÃO
Seria interessante, antes de prosseguir, explicar como funciona a audição. O ouvido humano é um órgão complexo, responsável por captar e processar os sons. A audição começa quando o som entra no canal auditivo externo e atinge o tímpano. Este vibra em resposta às ondas sonoras e essas vibrações são transmitidas aos ossos do ouvido médio (martelo, bigorna e estribo). Os ossos do ouvido médio amplificam as vibrações e transmitem-nas ao ouvido interno, onde as células ciliadas transformam as vibrações em sinais elétricos que, por sua vez, são enviados para o cérebro através do nervo auditivo. O cérebro, então, interpreta esses sinais elétricos como sons.
EM CASO DE PERDA AUDITIVA
Caso haja perda auditiva, deve procurar-se ajuda médica, desde logo recorrendo a médico de família, para posteriormente ser acompanhado por um otorrinolaringologista, especialista deve descobrir a causa da surdez. O mais provável é que vá necessitar de realizar exames. E se o diagnóstico for confirmado, dever-se-á encontrar a solução mais adequada, que poderá passar por um tratamento reversível. Contudo, só se deve recorrer a medicação e/ou audiologia com recomendação de um médico devidamente qualificado.
A perda auditiva é geralmente classificada em quatro graus, com base na intensidade do som que uma pessoa é capaz de ouvir:
LEVE: a pessoa tem dificuldade em ouvir sons suaves e muito baixos (como sussurros), especialmente em ambientes barulhentos;
MODERADA: a pessoa tem dificuldade em ouvir sons moderados, como conversas normais, especialmente em ambientes ruidosos;
SEVERA: a pessoa tem dificuldade em ouvir sons altos, como o barulho de um aspirador ou de um secador de cabelo;
PROFUNDA: a pessoa não consegue ouvir quaisquer sons, a menos que sejam muito altos, como o barulho de um avião.
Quanto ao tipo de perda auditiva, existem três tipos principais:
PERDA AUDITIVA CONDUTIVA: ocorre quando há um problema no ouvido externo ou médio que impede a transmissão adequada de som para o ouvido interno. As causas podem incluir cera (ou “cerumen”) no ouvido, infeções do ouvido médio, perfuração do tímpano, entre outras;
PERDA AUDITIVA NEUROSSENSORIAL: ocorre quando há um problema no ouvido interno ou no nervo auditivo que impede a transmissão adequada de sinais elétricos para o cérebro. As causas podem incluir: exposição a ruído intenso, envelhecimento, lesões na cabeça, entre outras;
PERDA AUDITIVA MISTA: ocorre quando há uma combinação de perda auditiva condutiva e neurossensorial.
EXAMES NECESSÁRIOS
Para verificação e confirmação da perda auditiva, devem realizar-se exames específicos, por forma a encontrar a causa ou, quando não é possível determiná-la, pelo menos confirmar o grau de surdez.
Existem vários tipos de exames de audição, mas um dos mais comuns é o teste de audiometria ou audiograma. Este teste é geralmente realizado por um profissional de saúde auditiva e envolve o uso de auscultadores de ouvido e uma série de sons em diferentes frequências e intensidades. O objetivo é determinar quais os sons que se conseguem ouvir e em que volume. A partir desses resultados, o profissional pode avaliar se há algum problema de audição e, em caso afirmativo, qual é o grau de perda auditiva.
Existem outros exames aos ouvidos, tais como timpanograma, TAC e ressonância magnética, através dos quais se podem avaliar as condições de vertigens e equilíbrio.
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