Zen: estas três letras mágicas, carregadas de espiritualidade, evocam um universo onde reina a simplicidade, a harmonia e a serenidade. Um bom remédio para o stress da vida moderna.

 

No Oriente, o Zen é, antes de mais, um conceito filosófico, religioso e místico, e um comportamento quotidiano, que vai muito para além do minimalismo a que se associa esta palavra.

Esta filosofia nasceu na Índia, há 2500 anos, com o budismo. Buscou a sua fonte na experiência única de um sábio. Shâkyamuni meditava, sentado sob uma figueira. Durante seis semanas, ele permaneceu sem se mexer, os olhos fechados e as mãos unidas, completamente imóvel, tranquilo como uma montanha. Por fim, na última noite, ele atingiu o propósito da sua busca, a revelação, “a ciência última”, a fonte da luz espiritual. Ele tornou-se Buda: “o desperto”, em Sânscrito.

Toda a vida de Buda foi, após isto, consagrada à transmissão do seu saber, a fim de que cada um atinja a sabedoria última, o conhecimento de si mesmo, despojado de todo o pensamento inútil.

A mensagem budista espalhou-se rapidamente por toda a Ásia, particularmente no Japão, onde uma forma depurada, o Zen – ou “véu do despertar” – foi introduzida, no século VI.

De mestre a discípulo

Esta filosofia muito particular não se apoia no intelecto ou em textos religiosos. A transmissão efetua-se, essencialmente, de homem a homem, de mestre a discípulo. O que importa, acima de tudo, é a meditação e a sua prática quotidiana: o “zazen”.

Para tal, é preciso sentar-se sobre uma almofada. As pernas ficam cruzadas, na posição de lótus. As costas estão direitas. A mão esquerda apoia-se sobre a mão direita, os polegares tocam-se nas extremidades e elas são colocadas sobre as coxas, contra o ventre. É necessário permanecer imóvel, de olhos semi-cerrados e respirar lentamente, sobretudo a expirar, concentrando-se no sopro, a fim de que o espírito não se perturbe.

O espírito do Zen encontra-se em cada coisa. No murmúrio do vento nos bambus; no movimento da luz através de uma divisória de papel; no barulho da água escoando num tanque de pedra; no nosso olhar, quando nos vem à memória uma recordação; na palavra que escolheis para exprimir um sentimento que vos vive no coração. Tudo isto não é mais do que o Zen.

Leia o artigo completo na edição de março 2022 (nº 325)