Viver com esquizofrenia não tem de ser sinónimo de isolamento ou incapacidade. Essa é a mensagem central de “Vivo com esquizofrenia. E então?”, o projeto que a Lundbeck Portugal acaba de lançar, para assinalar o Dia Mundial da Pessoa com Esquizofrenia, celebrado no próximo sábado, 24 de maio. Composto por seis episódios em vídeo, esta campanha dá voz à experiência real de uma pessoa com esquizofrenia, e inclui os contributos especializados dos psiquiatras Henrique Prata Ribeiro (Hospital Beatriz Ângelo) e Ricardo Caetano (Unidade Local de Saúde de Lisboa Ocidental). Conta ainda com o apoio da ARIA – Associação de Reabilitação e Integração Ajuda. A série será disponibilizada nas redes sociais da Lundbeck ao longo dos próximos seis meses.

A esquizofrenia é uma das doenças mentais mais estigmatizadas, com impacto profundo em quem a vive e nas suas famílias. Em Portugal, estima-se que afete cerca de 48 mil pessoas, muitas das quais enfrentam barreiras invisíveis: preconceito, abandono terapêutico, exclusão social e dificuldade em manter uma vida funcional.

Mas a ciência tem evoluído de forma decisiva. Os tratamentos atuais têm permitido ganhos notáveis em estabilidade clínica, adesão ao tratamento e funcionalidade, reduzido significativamente o risco de recaídas, facilitando rotinas mais autónomas e seguras.

“Hoje sabemos que, com tratamento adequado, acompanhamento contínuo e integração social, é possível viver com qualidade de vida e manter uma participação ativa na sociedade”, afirma o psiquiatra Ricardo Caetano.

“O preconceito pode ser mais limitador do que o próprio diagnóstico. Precisamos de escutar as pessoas com esquizofrenia, conhecer as suas histórias e valorizar os seus percursos”, acrescenta o psiquiatra Henrique Prata Ribeiro.

A série “Vivo com esquizofrenia. E então?” parte exatamente dessa urgência: dar palco à voz da própria pessoa com esquizofrenia. Através do seu testemunho direto e da análise clínica dos especialistas, a campanha quer desmistificar ideias feitas, promover empatia e reforçar o papel da sociedade na inclusão destas pessoas.

Além do impacto individual, a esquizofrenia representa também um desafio emocional e social para familiares e cuidadores, que frequentemente enfrentam exaustão, solidão e falta de recursos. A campanha alerta para a importância de uma abordagem integrada e comunitária, onde os apoios formais e informais permitam cuidar de quem cuida.

O lançamento do projeto surge também num momento em que o sistema de saúde português dá sinais de evolução: a gratuitidade dos antipsicóticos no SNS, a expansão das Equipas Comunitárias de Saúde Mental e os investimentos em reabilitação psicossocial estão a permitir melhorias na adesão ao tratamento, menos internamentos e mais vidas reabilitadas.