O diagnóstico de cancro da tiroide é assustador para a maior parte das pessoas. No entanto, o prognóstico desta doença é, em geral, muito bom.

O cancro da tiroide é um tumor maligno que tem origem nas células da glândula tiroide. Os cancros da tiroide são divididos em dois grandes grupos: carcinomas com origem nas células foliculares e carcinomas com origem nas células C – produtoras de calcitonina. Estes designam-se por carcinomas medulares. Os primeiros, muitíssimo mais frequentes, classificam-se, de acordo com o grau de diferenciação, em: diferenciados, pouco diferenciados e indiferenciados.

A maior parte dos carcinomas da tiroide (cerca de 90%) são constituídos pelas formas de carcinoma diferenciado – carcinoma papilar e carcinoma folicular. Os carcinomas diferenciados são de evolução lenta, têm uma boa resposta ao tratamento e apresentam uma elevada taxa de cura.

O carcinoma papilar tende a ocorrer entre os 30 e os 50 anos de idade e dar origem a metástases nos gânglios linfáticos regionais.

O carcinoma folicular ocorre, geralmente, em indivíduos mais velhos – mais de 40 anos – e é mais agressivo do que o papilar, podendo invadir os vasos sanguíneos e originar metástases à distância, sobretudo nos pulmões e nos ossos.

Os carcinomas pouco diferenciados e os carcinomas indiferenciados – também chamados carcinomas anaplásicos – têm um comportamento mais agressivo e, consequentemente, estão associados a um pior prognóstico.

Causas bem estudadas

O cancro da tiroide surge mais frequentemente em pessoas submetidas a terapias de radiação de alta dosagem na cabeça, pescoço ou peito, durante a infância. A radiação era usada com frequência, anteriormente a 1960, para reduzir as amígdalas, para tratar vários problemas de pele, nomeadamente o acne, e para reduzir o timo – órgão localizado acima do coração – em crianças.

Esta patologia ocorre também mais frequentemente em membros de determinadas famílias com vários casos da doença – tipo familiar de carcinoma da tiroide.

A presença de um nódulo benigno ou de bócio pode aumentar a probabilidade de aparecimento de cancro.

Tal como nas restantes patologias da tiroide, o cancro atinge preferencialmente as mulheres. A incidência de novos casos de carcinoma da tiroide é cerca de duas a quatro vezes mais elevada nas mulheres do que nos homens.

Apesar de todos estes aspetos, o cancro da tiroide pode atingir qualquer pessoa.

Tratamento bastante eficaz

Existem várias opções no tratamento do tipo diferenciado de cancro da tiroide. O tratamento mais comum conjuga a remoção cirúrgica da tiroide – tiroidectomia – e a terapia com iodo radioativo – ablação – para eliminação de células tiroideias normais e/ou cancerígenas. Este tratamento ablativo é importante, porque permite eliminar as células tiroideias normais, facilitando o acompanhamento dos doentes a longo prazo, bem como as células potencialmente cancerígenas que possam não ter sido removidas durante a cirurgia.

O tratamento ablativo do tecido tiroideu residual consiste na ingestão de uma cápsula de iodo radioativo, também denominado radioiodo. As células tiroideias são as únicas células do organismo a absorver o radioiodo, o que permite a sua eliminação específica.

Após a conclusão deste tratamento inicial, inicia-se a terapêutica hormonal de supressão da tiroide. Esta terapêutica consiste na administração de uma hormona sintética – levotiroxina ou T4 – , que substitui as hormonas produzidas pela tiroide. Desta forma, fica assegurado o bom funcionamento do organismo e a manutenção de uma vida normal após a tiroidectomia.

Além disso, esta terapêutica inibe a produção da hormona de estimulação da tiroide (TSH) por parte da hipófise. Este aspeto é essencial, porque níveis elevados de TSH podem conduzir a uma maior probabilidade de recidiva do carcinoma da tiroide, devido à sua ação na estimulação do crescimento de células tiroideias.

Leia o artigo completo na edição de fevereiro 2023 (nº 335)