A telemedicina assume uma importância crescente, com tendência a acentuar-se no futuro. Mas o que está Portugal a fazer nesta área? Que programas estão a ser implementados na telemedicina e quais os ganhos reais para o doente e para o sistema de saúde?

0 Joao PereiraArtigo da responsabilidade do Dr. João Pereira, Cardiopneumologista

Atualmente, a prestação de cuidados de saúde está cheia de referências e exemplos de telemedicina e tele-saúde e, em alguns casos, os dois termos são usados de forma alternada, mas as suas definições são motivo de debate.

No primeiro caso, a telemedicina é definida como a utilização de tecnologias informáticas e de comunicação na prestação de cuidados de saúde, seja ao nível da prevenção, do diagnóstico ou do tratamento. Por sua vez, a tele-saúde constitui um termo mais abrangente, voltado para o utente, consistindo num conjunto de meios e/ou métodos para melhorar a prestação de cuidados e educação para a saúde e para a doença.

Enquanto a telemedicina  tem sido mais comummente utilizada no passado, a tele-saúde é cada vez mais utilizada no presente, sobretudo pelo aumento dos cuidados de saúde dirigidos ao utente/consumidor.

PRINCIPAIS BENEFÍCIOS

Estão identificados vários benefícios da telemedicina/tele-saúde, quer para os doentes e seus familiares, quer para os profissionais de saúde, mas destacaria apenas três, que considero, por agora, os mais importantes:

MELHORA O ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE, ao permitir, por exemplo, que utentes nas regiões do interior do País, com menos facilidade de deslocação, possam ultrapassar potenciais barreiras e ter acesso a consultas de especialidade nos seus centros de saúde (tele-rastreio da retinopatia diabética) ou, por exemplo, de serem seguidos em casa, através de programas de telemonitorização, por uma equipa de especialistas, sem necessidade de se deslocarem ao hospital em situações menos graves.

REDUZ AS VISITAS AOS SERVIÇOS DE SAÚDE, quer de forma programada, quer de forma não-programada, como, por exemplo, no tele-rastreio dermatológico, que se tem realizado em algumas regiões do País e que diminuiu a lista de espera para a consulta de Dermatologia nos hospitais de referência para a especialidade.

MELHORA A GESTÃO DA DOENÇA CRÓNICA, sobretudo em doentes com elevado risco de hospitalização por agudizações da sua doença crónica (por exemplo, a diabetes, a insuficiência cardíaca e a DPOC). Os programas de telemonitorização da doença crónica apresentam um elevado potencial de reduzir o número de agudizações e promover uma melhor qualidade de vida, ao evitar as idas à urgência.

De acordo com o relatório do Observatório Nacional das Doenças Respiratórias (2015), o internamento por doenças respiratórias registou um aumento de 90,1% em 20 anos (1994-2014) e a DPOC constituiu 12,7% do total de internamentos. Um internamento por DPOC, dependo da sua gravidade, pode ter um custo entre os €1.070,07 e os €4.258,78, sendo que a média de dias de internamento situa-se entre os 6,85 dias e os 12,75 dias, respetivamente, segundo a Portaria Nº 234 / 2015 de 7 de Agosto de 2015.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2016 (nº 264)