Descreve-se como uma série de alterações físicas e psíquicas, que aparecem na segunda metade do ciclo menstrual, em qualquer idade entre a puberdade e a menopausa, mas com maior frequência a partir dos 30 anos. Falamos da síndroma pré-menstrual.

Os sintomas não surgem todos meses nem têm sempre a mesma intensidade, mas desaparecem, geralmente, com a chegada da menstruação.

Embora não tenha sido possível estabelecer uma classificação segundo o grau de intensidade dos sintomas, sabe-se que a maioria das mulheres sentem alterações antes da menstruação e que cerca de 20% delas sofrem a síndroma de forma intensa.

A síndroma pré-menstrual também pode surgir depois de algum acontecimento particular, como uma histerectomia, laqueação de trompas, depois do parto, com a interrupção da pílula ou depois de um choque psicológico. Porém, não parece ter uma causa desencadeante evidente.

Sintomas diversos

Calcula-se que 90% de todas as mulheres apresentam, de forma habitual, um ou vários sintomas da síndroma pré-menstrual. Descreveram-se, até hoje, cerca de 150 sintomas distintos, a maioria triviais. Os mais frequentes são: ansiedade, irritabilidade, tensão e alteração do estado de espírito. Também são muito frequentes o aumento de tamanho dos seios – que pode ser doloroso –, a retenção de líquidos e um ligeiro aumento de peso.

Entre 30 e 40% das mulheres afirmam sofrer enjoos, fadiga, dores de cabeça, aumento do apetite e palpitações. Apenas um pequeno grupo – entre 1 e 20%, dependendo da intensidade – manifesta sintomas como confusão, choro, depressão, falta de memória e insónias. Os especialistas concordam que a gravidade e o número de sintomas variam em função da situação física e psíquica da mulher em cada ciclo.

Por outro lado, não há nenhum estudo que assinale, de forma conclusiva, uma causa concreta para o aparecimento da síndroma pré-menstrual. Mais parece que se trata da coincidência de uma série de fatores, entre os quais se destacam o desequilíbrio hormonal, fatores dietéticos, carência de vitamina B6, retenção de líquidos e um mau funcionamento das endorfinas e prostaglandinas, substâncias que influenciam o comportamento geral do organismo.

O que fazer?

Existe um grupo de mulheres – menos de 10% – que vê alterada a sua relação com as pessoas mais próximas, como consequência desta síndroma. Quando interfere significativamente na vida familiar, no trabalho ou nas relações sociais, é importante ir ao médico. No entanto, dado que cada mulher pode apresentar sintomas e sinais específicos, que podem variar de intensidade, de mês para mês, e que podem ter diferentes origens, não existe um tratamento único.

Muitas mulheres costumam apresentar alterações dos seus hábitos alimentares, que podem manifestar-se sob a forma de um desejo incontido de comer alimentos salgados, doces ou, simplesmente, como um apetite voraz. Nestes casos, recomenda-se diminuir o consumo de hidratos de carbono, evitar as bebidas alcoólicas, o chá, o café e limitar o consumo de sal e proteínas.

Em contrapartida, é conveniente beber muita água e alimentos ricos em magnésio, cálcio, potássio e vitaminas A e B. O exercício físico habitual origina melhorias: é bom para eliminar toxinas e estimula a produção de endorfinas.

Também existem indícios de que os sintomas da síndroma pré-menstrual podem agravar-se nas mulheres que sofrem de stress. Portanto, as atividades criativas, as massagens e o ioga podem ajudar a relaxar.

Por outro lado, comentar a sintomatologia com a família ou com as pessoas com quem se convive pode ser útil para explicar por que razão se está tão irritável ou depressiva. É importante que as outras pessoas saibam que é uma alteração física – e não eles – que provoca as mudanças de humor ou de comportamento.

Leia o artigo completo na edição de março 2024 (nº 347)