A vitrificação dos ovócitos é uma das técnica de procriação medicamente assistida que permite ampliar o potencial reprodutivo de algumas mulheres.
Artigo da responsabilidade do Dr. José Cunha, médico especialista em Ginecologia e Obstetrícia, da AVA Clinic Lisboa
A capacidade reprodutiva da mulher é, em grande parte, ditada pela quantidade e qualidade dos ovócitos que existem nos seus ovários. A mulher nasce com todos os ovócitos que irá usar durante a sua vida reprodutiva e estima-se que uma mulher tem oportunidade de ovular e engravidar cerca de 400 vezes. A idade é, por isso, o fator predominante para o sucesso da gravidez, quer seja de uma forma natural, ou através de técnicas de procriação medicamente assistida.
DIFICULDADES
A possibilidade de engravidar para uma mulher até aos 30-32 anos é de cerca de 20% por tentativa e, ao fim de um ano, cerca de 80% dos casais conseguirão uma gravidez, se não existirem problemas. Este valor é satisfatório, mas não para os 15-20% dos casais que têm problemas em conseguir uma gravidez nesse período, sendo que muitos virão a necessitar de tratamentos de fertilidade.
Para além da idade, existem situações que levam a uma diminuição acentuada dos ovócitos e obviam a uma gravidez. Várias doenças cancerígenas são tratadas agressivamente por drogas citotóxicas ou radiações, que acabam também por destruir os ovócitos e tornar a mulher infértil. Com a melhoria das taxas de cura de cancro em mulheres jovens e crianças, a perspetiva de uma gravidez futura é um fator muito positivo para as suas vidas. Também cirurgias aos ovários podem diminuir a possibilidade de gravidez.
TÉCNICA DE VITRIFICAÇÃO
As técnicas de fertilização in vitro e de congelamento de embriões auxiliam milhares de casais a terem filhos em todo o mundo. Uma das técnicas, chamada vitrificação, permite com sucesso criopreservar embriões, espermatozoides e ovócitos, para uma utilização futura. Esta técnica pode ser usada nas doentes oncológicas, antes de receberem o tratamento citotóxico.
A mesma técnica pode ser usada também para a preservação da fertilidade por motivos sociais. Mulheres jovens que pretendem adiar a gravidez por falta de parceiro ou por motivos profissionais, podem vitrificar os seus ovócitos para poderem ser utilizados posteriormente em fertilização in vitro, na eventualidade de não conseguirem engravidar naturalmente. É uma dádiva de si para si mesma.
Se a vitrificação dos ovócitos antes de tratamentos cancerígenos é um procedimento aceitável, já a preservação dos ovócitos por motivos sociais tem tido uma divulgação mais lenta na maioria dos países, devido ao desconhecimento das técnicas e dos custos.
Os homens já têm a oportunidade de criopreservar espermatozoides há mais tempo, pois são mais fáceis de preservar do que os ovócitos. Mas o sucesso da sobrevivência dos ovócitos e o aumento das taxas de gravidez após o seu uso permite que a vitrificação dos óvulos possa ser mais difundida. A técnica de vitrificação já é usada em muitas clínicas de fertilidade portuguesas, para criopreservar ovócitos e embriões.
Leia o artigo completo na edição de outubro 2016 (nº 265)
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