A gripe é, provavelmente, tão antiga como o homem. Todos os anos, cerca de 9% da população mundial é infetada por uma das três estirpes identificadas do vírus, das quais a mais grave é a Influenza A. Apesar de ser uma doença comum, pode derivar em graves complicações, pelo que nunca é de mais recordar as formas de prevenção e tratamento.

 

Todos os invernos, a gripe comparece pontualmente ao encontro: anualmente, entre nós, faz sentir a sua presença a uma entre cada cinco pessoas e poucas são as que desconhecem os seus incómodos sintomas.

Começa por atacar as crianças, com perturbações respiratórias febris; de seguida, vai-se propagando aos adultos, tanto doentes como pessoas saudáveis. O certo é que, durante as epidemias de gripe, regista-se um considerável aumento das entradas hospitalares por pneumonias, agravamento de doenças cardíacas e episódios bronquíticos agudos em doentes crónicos. Finalmente, a gripe provoca um aumento de mortalidade da ordem dos 25%, relativamente a anos sem epidemia.

Geralmente, estas epidemias são causadas pelo chamado vírus influenza tipo A, o mais frequente e difundido. Os vírus B e C, por sua vez, só aparecem de forma esporádica ou em surtos localizados, afetando grupos sociais concretos, como aquartelamentos, escolas, fábricas, escritórios, etc.

Quando o vírus gripal consegue variar a sua composição proteica, de tal modo que se torna capaz de defender-se dos anticorpos criados em infeções anteriores, a epidemia pode alastrar descontroladamente pelo globo terrestre e produzir a chamada pandemia, situação que pode durar muitos meses ou até anos. Estas pandemias apresentam-se com uma certa regularidade, em ciclos de 10 a 14 anos aproximadamente.

FÁCIL CONTÁGIO

O contágio produz-se através da inalação de gotículas infetadas com o vírus, que ficam suspensas no ar ao tossir, espirrar ou, simplesmente, ao falar. É durante os três primeiros dias subsequentes ao contágio que existe o maior risco de transmissão a outras pessoas, dado que o vírus se encontra em fase de incubação e a doença ainda não se manifestou.

Aparecem, então, os primeiros sintomas, que se prolongam durante outros dois ou três dias, até desaparecerem. O contágio é mais fácil quando a temperatura ambiente é baixa e a humidade elevada, dado que, nestas condições, o vírus tem maiores probabilidades de sobreviver.

Os sintomas da gripe – que, muitas vezes, se confundem com os da simples constipação – aparecem repentinamente e criam um característico quadro clínico, composto por febre elevada – 39 ou 40º C –, sensação de fadiga e debilidade, dor de cabeça, dores musculares, calafrios, lacrimejo, congestão nasal – acompanhada de expetoração –, tosse e faringite.

GRUPOS DE RISCO

Felizmente, a evolução da doença é quase sempre benigna; contudo, nalguns grupos de risco, como os idosos, os diabéticos e os doentes cardíacos, as consequências podem ser fatais. Em condições normais, o vírus da gripe não deixa outra sequela senão a própria imunidade; mas, por vezes, o organismo encontra-se debilitado, sendo mais vulnerável às bactérias “oportunistas”, as quais podem provocar uma nova – e, geralmente, mais grave – infeção.

A melhor forma de enfrentar a gripe é com… paciência, desde que não surjam outros problemas. Os sintomas começam a remitir, de forma natural, ao cabo de dois ou três dias, prazo durante o qual pode não ser necessário recorrer a qualquer medicação. De nada serve, por exemplo, tomar antibióticos, já que estes apenas são eficazes face às bactérias, enquanto que o agente responsável pela gripe é um vírus, como já referimos. Os antibióticos só devem ser usados quando a gripe se complica com uma infeção bacteriana e sempre sob prescrição médica. A automedicação com este tipo de fármacos constitui não só uma perda de tempo e dinheiro, como também se corre o enorme risco do organismo se tornar resistente ao antibiótico, retirando-lhe a eficácia, quando este for verdadeiramente necessário.

Não obstante, pode sempre recorrer-se a um tratamento sintomático, com o qual se consegue aliviar os sintomas e fazer com que a doença seja mais fácil de suportar. Há remédios caseiros certamente eficazes, como é a simples medida de beber a quantidade de líquidos suficiente para manter um nível de hidratação adequado. Por outro lado, convém que os quartos onde o doente passa o dia e a noite tenham um ambiente húmido, que facilite a respiração. Ferver umas folhas de eucalipto e colocar o recipiente sobre um radiador é, não só eficaz, como igualmente agradável para o resto da família. Também é aconselhável efetuar vaporizações, cobrindo totalmente a cabeça com uma toalha, a fim de facilitar o descongestionamento nasal.

A febre é uma reação natural do organismo e, embora seja bastante incómoda, o seu efeito é benéfico. Assim, apenas deve evitar-se que ultrapasse os 39º C ou que se prolongue para além das 48 horas. Se estes remédios “caseiros” não forem suficientes, pode-se recorrer a um antipirético.

De uma forma geral, não é má ideia ter em casa um medicamento antigripal, que alivie a febre e as dores de cabeça, mas também todo o conjunto de sintomas habitualmente associados à gripe e à constipação, nomeadamente a congestão nasal, os espirros e a tosse.

Leia o artigo completo na edição de dezembro 2016 (nº 267)