Fabiano de Abreu acredita que o homem utiliza a força como argumento por temer o poder que a mulher pode ter sobre ele. O especialista em neurociências  afirma que tratar a mulher como diferente é uma forma de preconceito.

A história da humanidade é marcada pela desigualdade entre o sexo feminino e masculino. Ao longo dos anos, a mulher, que em algumas civilizações passadas, ocupava a prestigiosa posição de matriarca da família, passou a ser vista como “sexo frágil”. A revolução industrial, e, mais recente, o advento da internet, contribuíram para que a mulher se tornasse mais ativa na sociedade, ocupando cargos e espaços nunca antes pensados e permitidos.

De acordo com Dr. Fabiano de Abreu, mestre em Psicologia e especialista em estudos da mente humana, a mulher, hoje, reivindica um passado que já ficou para trás, e aponta a causadora de tanta violência e opressão. “Gosto sempre de dizer que temos que conhecer o significado das palavras e o motivo para as circunstâncias pois, sem conhecimento, somos meras palavras ao vento. A testosterona é a principal responsável por esta diferenciação entre o homem e a mulher, e pelo ‘domínio masculino’ na maior parte da história em algumas sociedades”, explica.

O também professor e cientista na Universidad Santander tem uma teoria de que a testosterona e o medo são os responsáveis por toda a desigualdade conhecida e vivenciada pelas mulheres. Ele explica que a hormona, predominantemente masculino, é responsável pelo fato do homem ser mais forte em termos de força física, a voz impactante, além de fazer com que ele apresente um comportamento mais impulsivo. A partir desse pretexto, o homem criou, por meio da força, um mecanismo de domínio e liderança, tornando-o cultural para que as mulheres sejam submissas a ele pelo medo.

Para Fabiano de Abreu, esses artifícios adotados pelo sexo masculino são resultado do medo de ser dominado pela mulher, já que o homem não possui o mesmo domínio emocional. “No cérebro, o hipocampo, maior nas mulheres, está relacionado com funções como a memória imediata, e a amígdala, maior nos homens, com as emoções e a agressividade. A emoção é mais ativa nas mulheres e elas processam melhor as emoções e os neurônios relativos a ela, o que pode representar uma inteligência emocional maior nelas do que nos homens. Em contrapartida, o córtex pré-frontal dorsomedial, associado ao raciocínio e a ação, e a amígdala, associada à perceção de ameaça e o processamento do medo, nas mulheres, a conexão é mais fraca entre essas regiões, revelando assim que o homem tem o comportamento mais analítico do que emocional. Isso tem relação com a maior afetividade feminina relacionado à maternidade “, pontua o especialista.

Fabiano de Abreu acredita que homens que possuem uma maior inteligência emocional tendem a preferir amizades femininas para equiparar seu raciocínio, e enxergam outros homens como mais imaturos, além de valorizarem mais as mulheres. Já as mulheres que preferem amizades masculinas buscam uma superioridade intelectual sobre os homens como uma resposta cognitiva, para ter conhecimento do universo masculino e, por vezes, fugir da competição feminina.

O neurocientista conclui que a multifunção da mulher é um resultado de uma herança genética evolutiva, e o impulso masculino, potencializado ao longo da existência humana e desenvolvido através da testosterona, hoje deixa de ser uma submissão por parte das mulheres, e se transforma em um domínio que tem o poder de mudar o futuro da humanidade.

“Tratar a mulher como diferente é uma maneira de assinar um atestado de ignorância em relação a este conceito lógico de que essa diferença é importante para a nossa sobrevivência, assim como a mulher é superior ao homem em muitas profissões e, hoje, o mercado de trabalho em diversos países está a enxergar isso. Por isso, para finalizar, precisamos sempre buscar o ponto do equilíbrio e a consciência do que é certo ou errado sem julgamentos. O homem e a mulher, unidos, terão um poder de equilíbrio ao completarem-se de forma inteligente e assim alcançarem a plenitude, ou seja, uma melhor qualidade de vida”, finaliza.