A varíola-dos-macacos é um vírus de ADN da família Poxviridae. Foi inicialmente identificado em macacos, em 1958, e os roedores são o seu reservatório. É raro infetar humanos, mas é possível.
Artigo da responsabilidade da Dra. Ana Isabel Pedroso. Assistente Hospitalar de Medicina Interna e de Medicina Intensiva
O primeiro caso de varíola-dos-macacos – monkeypox ou, abreviadamente, mpox – em humanos foi descrito em 1970 no Congo. No Ocidente, foi identificado pela primeira vez nos Estados Unidos, em 2003.
Considera-se a infeção por vírus monkeypox (VMPX) uma zoonose, ou seja, é uma doença zoonótica, o que significa que pode transmitir-se de animais para humanos. Este vírus também pode transmitir-se pessoa a pessoa. A população mais vulnerável são as crianças, jovens adultos e doentes imunodeprimidos.
ÁFRICA EM RISCO
O atual surto de mpox tem visado, sobretudo, a população da República Democrática do Congo, que tem mais de 90% dos casos detetados.
Em meados de agosto de 2024, o surto na República Democrática do Congo, com número crescente de casos e óbitos, o surgimento da nova variante (Ib) e a sua disseminação em países vizinhos, motivou uma nova declaração de Emergência Internacional de Saúde Pública pela Organização Mundial de Saúde, para reduzir as cadeias de transmissão e mostrar a importância da vacinação.
A nova variante pode ser facilmente transmitida por contacto próximo entre dois indivíduos, sem necessidade de contacto sexual, e é considerada mais perigosa do que a variante conhecida em 2022.
VIAS DE TRANSMISSÃO
A transmissão da mpox ocorre, sobretudo, pelo contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo por via sexual.
Este vírus transmite-se por mordedura ou contacto com fluidos de animais infetados. No geral, a transmissão pessoa a pessoa é muito rara. Porém, quando ocorre, é principalmente através de grandes gotículas respiratórias e é necessário um contacto cara a cara prolongado para a transmissão (por exemplo, num raio de 1,80m, durante, pelo menos, 3 horas, sem equipamento de proteção pessoal – como o que usamos para o covid 19).
Ao contrário de surtos anteriores, em que as lesões eram visíveis sobretudo no peito, mãos e pés, a mpox tem provocado sintomas moderados e lesões nos genitais, tornando-a mais difícil de identificar, o que significa que as pessoas podem infetar terceiros sem saber que estão infetadas.
Pessoas com infeção por vírus mpox são infeciosas enquanto têm sintomas e as lesões cutâneas ainda não sararam. As lesões, o seu conteúdo líquido e mesmo as crostas são particularmente infeciosas. No entanto, outros fluidos corporais também podem conter vírus.
O contacto com vestuário pessoal, roupas de cama e toalhas, e outros objetos como talheres, pratos ou utensílios de uso pessoal contaminados também podem transmitir a infeção.
As pessoas que interagem de forma próxima com alguém que está infetado, incluindo os profissionais da saúde, os coabitantes e os parceiros sexuais são, por isso, pessoas com maior risco de lhes ser transmitida a doença.
É, por isso, muito importante manter hábitos de higiene aos quais já estamos habituados, tais como lavar frequentemente as mãos com água e sabão e/ou álcool gel.
SINTOMAS MAIS COMUNS
Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça intensa, dores musculares, dor nas costas, cansaço, aumento dos gânglios linfáticos e o aparecimento de erupções que atingem a pele e as mucosas.
As lesões cutâneas, geralmente, começam entre um a três dias após o início da febre e acabam por formar crostas mais tarde. Estes sinais e sintomas duram entre duas a quatro semanas (assim como o período de contágio) e desaparecem por si só, sem tratamento.
Se qualquer pessoa tiver sintomas da doença (especialmente se tiver tido contacto próximo com alguém que possa eventualmente estar infetado por este vírus) deve pedir ajuda médica, podendo, por exemplo, contactar a Linha Saúde 24 (808 24 24 24) e, sobretudo, evitar qualquer tipo de contacto próximo com outras pessoas, mantendo todas as recomendações de higiene e segurança.
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