A leucemia mieloide crónica constitui um caso de grande sucesso, no qual o estudo da doença levou ao desenvolvimento de um tratamento simples e muito eficaz.

Artigo da responsabilidade do

Prof. António Almeida

Hematologista do IPO Lisboa e membro da Associação Portuguesa Contra a Leucemia

A leucemia mieloide crónica – ou LMC, com habitualmente é chamada – é um tipo raro do cancro do sangue que surge em cerca de 1 a 2 pessoas por cada 100.000, em cada ano. Isto quer dizer que, em Portugal, são diagnosticados cerca de 100 novos doentes com LMC anualmente.

A LMC não é uma doença hereditária nem tem tendência para surgir nos familiares de doentes. Na maioria dos casos, não se sabe porque é que surge, mas sabemos que a doença se desenvolve no seguimento de uma alteração genética nas células do sangue, que faz com que estas de dividam mais do que as células normais. Surge com maior frequência nos homens do que nas mulheres e, apesar de poder surgir em qualquer idade adulta (é muito rara nas crianças), a maioria dos doentes tem entre 50 e 65 anos.

DESCOBERTA DO MECANISMO

A maior parte dos doentes com LMC descobrem a doença porque se detetam glóbulos brancos aumentados numa análise de sangue de rotina. Por vezes, o baço pode estar aumentado, dando dores abdominais, enfartamento ou saciedade precoce; ou, então, os doentes queixam-se de cansaço, perda de apetite e emagrecimento.

A alteração genética que caracteriza a LMC consta de uma troca de material genético entre dois cromossomas, que gera um cromossoma novo, denominado Filadélfia – por ter sido descrito pela primeira vez na cidade de Filadélfia, em 1960. Este novo cromossoma produz uma proteína chamada BCR-ABL, que funciona como o motor para estimular a divisão das células na LMC. Esta descoberta foi muito importante, não só para compreendermos melhor a doença, mas também para podermos descobrir tratamentos mais eficazes.

Leia o artigo completo na Edição de Novembro 2015 (nº 255)