É fundamental perceber o que é o menisco, para que serve, quais são os sintomas associados a uma lesão/rotura/fratura e o que deverá ser realizado para o seu tratamento.

Artigo da responsabilidade do Dr. Thiago Aguiar. Cirurgião ortopédico. Especialista em Patologia do Joelho.

 

As lesões meniscais são muito frequentes e podem ser incómodas. Podem ocorrer em atletas e não atletas de todas as idades.

O sintoma mais frequente é a dor, sobretudo em movimentos de rotação e/ou agachamentos. Outros sintomas que poderão estar presentes são: estalos, sensação de instabilidade ou de bloqueio (joelho preso), impossibilidade de realizar atividade física e/ou derrame articular (joelho inchado).

É importante explicar que as queixas podem não ser persistentes, podendo inclusivamente existir períodos sem sintomas, sobretudo se houver uma redução da atividade física, descarga e toma de medicação. Os sintomas são mecânicos, ou seja, o aumento de atividade poderá exacerbar ou fazer reaparecer as queixas prévias.

A cirurgia nem sempre é a opção, contudo é importante salientar que uma lesão meniscal não tratada pode levar a artrose do joelho. Este facto é ainda mais importante quanto melhor preservada estiver a cartilagem e quanto mais jovem for o doente.

O QUE É O MENISCO?

O menisco é uma fibrocartilagem em forma de C e, se seccionado, tem uma forma triangular.

Temos dois meniscos em cada joelho: um medial, localizado na vertente interna do joelho; e outro lateral, localizado na vertente externa. Os meniscos ficam interpostos entre o fémur (em cima) e a tíbia (em baixo).

QUAIS SÃO AS FUNÇÕES DO MENISCO?

As principais funções do menisco são a absorção de choques e a transmissão de cargas entre o fémur e a tíbia. Também tem um papel importante na nutrição da cartilagem, estabilidade e propriocetividade do joelho.

O menisco “põe a trabalhar” todas as células da cartilagem do lado femoral e tibial, ou seja, vai distribuir o peso corporal (o trabalho) por toda a superfície.

Na disfunção ou na ausência de parte ou de todo o menisco, este equilíbrio perde-se e faz com que apenas algumas células suportem todo o trabalho, levando à sua falência precoce e, consequentemente, à artrose.

O QUE SIGNIFICA UMA LESÃO/ROTURA/FRATURA?

As designações lesão, rotura ou fratura do menisco são sinónimos e significam uma descontinuidade da estrutura do menisco. Estas lesões podem ser de diferentes tipos e, por isso, têm diferentes tratamentos.

Estas lesões podem ocorrer em diversas circunstâncias. A grande maioria está relacionada com a prática desportiva, contudo em algumas situações a lesão ocorre sem qualquer história traumática prévia, onde o menisco se vai degradando ao longo dos anos, tornando-se suscetível de romper.

DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é clínico, feito em consulta, e imagiológico, pela realização de exames complementares.

Na consulta, é de extrema importância uma adequada colheita de dados e um  exame clínico correto. A observação do ortopedista dedicado ao joelho é a fase mais importante do diagnóstico, dado que poderá levar à suspeita diagnóstica correta, evitando perder tempo e/ou realizar exames desnecessários.

Hoje, a existência de subespecialidades dentro da Ortopedia permitiu uma melhor prestação de cuidados às pessoas que nos procuram.

O estudo imagiológico é realizado por ressonância magnética e complementado com radiografias específicas. As radiografias não permitem ver o menisco, mas permitem dar informação adicional, que é fundamental para quem trata este tipo de problemas (por exemplo, desgaste/artrose, desvios axiais dos membros, fraturas).

Habitualmente, explico que a primeira fase passa por uma adequada caracterização do problema e, para isto, temos que perceber, não apenas a lesão meniscal, mas também outros problemas associadas e como o corpo do doente se comporta biomecanicamente. Só depois de uma adequada caracterização é que poderemos realizar um planeamento preciso e assim definir a melhor estratégia de tratamento, sempre adaptada à individualidade da pessoa.

Outra informação crucial é que a ressonância magnética não é igual em todas as instituições. Ou seja, existem aparelhos de diferentes qualidades e os próprios protocolos de aquisição de imagem são distintos. É fundamental escolher, juntamente com o ortopedista, o melhor local para realização do exame, de forma a se obter imagens de qualidade que ajudem a confirmar ou excluir o diagnóstico e assim evitar a repetição do mesmo exame.

Leia o artigo completo na edição de março 2024 (nº 347)