Não é novidade que o cinema, a arte e a cultura fazem bem, muito bem à saúde! Sentimos muitas coisas diferentes no “escurinho do cinema”. E talvez até haja estudos, experiências ou hipóteses científicas que sugiram que rir ou chorar, sentir e sonhar fazem perder umas quantas calorias! Acreditamos que sim. As emoções estão lá, sempre, no ecrã e dentro de nós, assim como a descoberta, a curiosidade e o deslumbre. Sozinhos ou acompanhados, saímos de uma sessão de cinema tudo menos indiferentes, de peito cheio de imagens, mergulhados em realidades mais ou menos conhecidas. Pensamos, refletimos e aprendemos, mesmo quando, no fim, a realidade do dia-a-dia regressa com toda a sua força e temos de correr para apanhar o autocarro. Mas talvez, depois do que vimos e sentimos, a nossa corrida seja de prazer, de alegria, de emoções que temos de libertar, incapazes de as traduzir em palavras.

 

Por Irina Raimundo

 

É tudo isto que o IndieJúnior Allianz procura oferecer. A 2.ª edição do Festival Internacional de Cinema Infantil e Juvenil do Porto decorre entre os próximos dias 30 de Janeiro e 4 de Fevereiro, no Teatro Rivoli, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett e no Cinema Trindade. Temos a certeza que quem por lá passar será surpreendido. São mais de 50 filmes, entre curtas e longas-metragens, de ficção e documentário, incluindo animação, dos quatro cantos do mundo. É dada uma atenção especial aos mais novos, mas os temas abordados interessam, na verdade, a toda a família. A experiência do primeiro beijo (Como o Tommy Lemenchick se tornou o herói da escola), como a amizade ajuda a ultrapassar obstáculos (Perder a cabeça), a relação única entre netos e avós (Pegadas do Passado) e a vida nos campos de refugiados (Realidade Oculta) são alguns dos assuntos que atravessam a programação deste ano. Também se estimulará a criatividade e a imaginação (O formigueiro), em mensagens educativas e pedagógicas. Que também fazem bem à saúde. Mens sana in corpore sano, como diz a máxima latina!

Ser para toda a família, cruzando gerações, é o que faz este festival tão especial. Uns crescem a ver filmes, outros vêem os mais pequenos a crescer como outrora também cresceram com os olhos no ecrã. E outros ainda vão ter oportunidade de recordar o que viram noutras idades. O Meu Primeiro Filme é uma secção cheia de emoções. Os nossos convidados vão ser pequenos e grandes ao mesmo tempo. Rui Reininho (Viagem ao centro da terra), Carlos Tê (Os gloriosos malucos das máquinas voadoras) e Ana Deus (Alice no país das maravilhas) vão partilhar e comentar um filme da sua infância. Será uma boa oportunidade para os pais revisitarem um clássico, provavelmente das suas próprias vidas, na companhia dos filhos. Apostamos que, nestes sessões, os batimentos cardíacos vão acelerar.

Para prolongar a aprendizagem que se pode retirar dos filmes, o IndieJúnior Allianz organiza ainda uma série de actividades paralelas. Um debate sobre um tema bem actual: “Quando a identidade de género não coincide com o género que foi atribuído à nascença”, a partir do filme A Sr.ª McCutcheon e com a participação de psicólogos e testemunhos na primeira pessoa. Oficinas para pais e filhos onde se cria a oportunidade de, juntos, partilharem momentos de criação, orientados por uma realizadora, uma artista plástica e uma mediadora cultural. E encontros entre realizadores e espectadores, que têm como objectivo aproximar quem faz de quem vê e interpreta.

Num grande envolvimento com as escolas, o IndieJúnior Allianz também desafiou jovens e crianças a conhecerem os bastidor do festival e a serem parte activa da sua organização. Uns escolheram filme que agora poderão ser visto pelo público (“Eu programo um festival de Cinema”); outros têm pela frente a sempre difícil, embora empolgante, tarefa de escolher o melhor filme do festival (“Prémio Escolas”). Numa autêntica maratona, vão andar de sala em sala, dos Aliados aos Jardins do Palácio de Cristal. Um boa oportunidade para esticarem as pernas, já que o cinema trabalha a mente, mas por vezes relaxa o corpo. Mas não se preocupe: também pensámos em si e na sua família. No sábado, entre as duas sessões da tarde do Rivoli, pode dançar e abanar o corpo num bailarico dos 8 aos 80. Uma matiné dançante cheia de boas vibrações. Como o IndieJúnior Allianz!