A imunoterapia é uma abordagem terapêutica de sucesso no combate ao cancro, que utiliza o sistema imunológico do doente para combater o tumor.
Artigo da responsabilidade da Dra. Ana Raimundo, Oncologista, Diretora Clínica da CUF Instituto de Oncologia
A imunoterapia é incontornável quando se fala atualmente no tratamento do cancro. Contudo, a ideia de utilizar as defesas naturais do próprio organismo, como é o caso do sistema imunitário, para combater e destruir células estranhas (células tumorais) vem de longa data. No século XIX, W. B. Colley observou a regressão de tumores cutâneos após a injeção de fragmentos bacterianos nestas lesões malignas. Este resultado era consequência da estimulação das células do sistema imunitário contra as células tumorais, perante a presença de antígenos estranhos. Os antígenos tumorais são moléculas reconhecidas como estranhas pelo sistema imunitário, desencadeando a produção de anticorpos e respostas celulares imunes que vão combater as células tumorais.
Conhecimento aprofundado
A estratégia de utilizar bactérias atenuadas no tratamento de tumores remonta a 1976, quando foi comprovada a eficácia da administração intravesical (dentro da bexiga) da vacina antituberculosa BCG, como meio de prevenir a recorrência de tumores da bexiga não musculoinvasivos. A administração intravesical de BCG ainda hoje continua a ser utilizada.
Na última década, temos assistido à multiplicação de ensaios clínicos utilizando esta estratégia terapêutica, cujos resultados demonstraram o seu benefício no controlo da doença em muitos tipos de cancro, tais como: melanoma, cancro do pulmão, bexiga, rim, cancro da cabeça e pescoço e linfoma de Hodgkin.
A imunoterapia tem demonstrado os seus benefícios na doença avançada, mas também no tratamento adjuvante.
O que potenciou todo este desenvolvimento da imunoterapia como uma das principais estratégias no tratamento do cancro foi a própria evolução no conhecimento do sistema imunitário e da forma como as células deste sistema interagem entre elas e no ambiente tumoral. Este conhecimento mais aprofundado permitiu novas formas de estimular este sistema de defesa, de forma mais eficaz. Mais eficaz porque os tumores têm a capacidade de evitar o reconhecimento e eliminação pelo sistema imunitário, podendo, deste modo, desenvolver-se e metastizar.
Nos últimos dez anos, ocorreu um progresso imenso no conhecimento dos mecanismos que as células tumorais utilizam para escapar a esta vigilância, tendo sido desenvolvidas novas formas de imunoterapia que estimulam as células principais na defesa contra os tumores – os linfócitos T – a reconhecerem e destruírem as células tumorais.
Leia o artigo completo na edição de maio 2019 (nº 294)
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