Doença devida a uma alteração do metabolismo do ácido úrico, a gota caracteriza-se pelo depósito de sais de ácido úrico nos tecidos articulares.

 

Hipócrates, o grande médico grego que viveu 400 anos antes de Cristo, definiu, já então, a gota com perfeita intuição. Os seus três aforismos sublinham alguns dos aspetos mais característicos da doença: o homem não manifesta gota antes do desenvolvimento; a mulher não manifesta gota antes da menopausa; o eunuco nunca apresenta.

Por outro lado, Hipócrates também observou a influência da hereditariedade e de uma alimentação abundante, bem como a violência dos ataques agudos, sobretudo na primavera e no outono

Causas bem definidas

A principal alteração metabólica é um aumento da quantidade total de ácido úrico no organismo, que se manifesta com o aumento dessa substância no sangue. A sua origem reside tanto numa maior produção de ácido úrico por parte do organismo, como numa insuficiente eliminação de ácido úrico por via urinária.

A gota é uma doença de difusão mundial, embora a sua frequência não seja a mesma nas diversas populações. É mais frequente nos países ricos do mundo ocidental – Europa, Estados Unidos e Canadá – e no Japão do que nos países pobres e em vias de desenvolvimento. Calcula-se que, nos países ocidentais, a doença afete cerca de 0,5% dos indivíduos em idade adulta.

A relação homens/mulheres afetados é da ordem de 9/1. Trata-se, portanto, de uma doença bastante frequente, sendo a sua incidência apenas inferior à da artrite reumatoide, isto no âmbito das doenças reumáticas, dentro das quais representa cerca de 7 por cento.

As idades mais afetadas são as compreendidas entre os 35 e os 45 anos nos homens adultos, enquanto as mulheres, em geral, só sofrem dela depois da menopausa.

A gota manifesta-se clinicamente sob dois aspetos: um agudo inflamatório, com origem nos cristais e que evolui sob a forma de crise; e outro crónico metabólico, devido ao depósito do excesso de ácido úrico.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2016 (nº 264)