Campanha da Semana Internacional da Tiroide (22 a 28 de maio) realça importância da comunicação médico-doente

Costuma dizer-se que é a falar que as pessoas se entendem, mas para isso é também preciso que todos falem a mesma linguagem. E que conheçam aquilo sobre o que estão a falar. Para que doentes com disfunções da tiroide, médicos e outros profissionais de saúde possam partilhar esse entendimento, a Semana Internacional da Tiroide lança o desafio da comunicação, reforçando o seu papel e, ao mesmo tempo, a importância de se conhecer a tiroide e os problemas associados a esta glândula, que tem um impacto tão grande no organismo.

“É fundamental haver uma boa relação médico – doente, mas é essencial também que as pessoas saibam o que é a tiroide, questionar se já ouviram falar na tiroide, isto porque as doenças da tiroide são, por um lado, muito prevalentes e, por outro, muitas delas são fáceis de tratar”, refere o Dr. João Jácome de Castro, presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM).

No entanto, acrescenta o especialista, “só conseguimos tratar aquilo que conseguimos diagnosticar, só conseguimos diagnosticar aquilo em que pensamos; e só pensamos naquilo que conhecemos. E isto é verdade tanto para os médicos endocrinologistas, que se dedicam ao tema da tiroide, como para os médicos de medicina geral e familiar e para os doentes. Na verdade, o público em geral deve ter o conhecimento de que a tiroide e as doenças da tiroide existem, que se apresentam normalmente com um determinado tipo de queixas, que quando diagnosticadas cedo são fáceis de tratar na maioria dos casos, que a terapêutica, nomeadamente do hipotiroidismo, se aproxima muito da perfeição. Isto começa tudo por saber o que é a tiroide… que a tiroide existe e é importante. Esse é o primeiro passo”.

O segundo passo, reforça, é estar alerta para as queixas que podem estar associadas às doenças da tiroide, o que é particularmente importante porque “as hormonas tiroideias podem interferir num conjunto enorme de funções do organismo e, por isso, podem-se manifestar por alterações em muitos aparelhos e sistemas: sistema cardiovascular (alterações na frequência cardíaca, na pressão arterial), alterações no peso, no humor, através de um cansaço difícil de explicar, de problemas na pele e cabelo (pele seca, queda de cabelo), queixas na área da ginecologia, da gastroenterologia, alterações da temperatura corporal, do apetite, alterações do peso, entre outras”.

E conhecer estas manifestações é importante porque “pode evitar, por exemplo, não só para o público em geral, mas também para os colegas da medicina geral e familiar, que a pessoa tenha de ir ao cardiologista porque tem o coração a bater devagar, ao gastroenterologista porque está com obstipação, ao dermatologista porque está com a pele seca, ao ginecologista, porque tem irregularidades menstruais e por aí fora. Se calhar, às vezes vale a pena pensar que isto pode ser hipotiroidismo, cujo diagnóstico é fácil de fazer”.

O especialista defende ainda a existência de um maior rastreio ao hipotiroidismo. “Acho que os médicos devem pensar mais nas doenças da tiroide e associar certas queixas dos doentes à disfunção da tiroide.”

“E apesar de existir ainda alguma controvérsia sobre o assunto penso que se justifica o doseamento regular da TSH acima dos 50 anos pela elevada prevalência da disfunção tiroideia (em especial o hipotiroidismo subclínico) nesta faixa etária. Também julgo ser vantajoso o doseamento da TSH (uma análise fácil e barata) pré-conceção.”

A comunicação médico-doente é também, defende, “fundamental para que, após o diagnóstico, o tratamento seja administrado de forma adequada”. É este, de resto, o lema da campanha anual, uma iniciativa com o apoio da Merck, que deixa a questão, em jeito de desafio: ‘Falas a Linguagem da Tiroide?’

 

Sobre a Semana Internacional da Tiroide

Este é o 14º ano em que se assinala, em Portugal, a semana internacional da tiroide. Uma iniciativa apoiada pela Associação das Doenças da Tiroide (ADTI), pela Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM) e pela Merck.