O envelhecimento é um processo de alterações físicas e mentais que ocorre em todas as pessoas, com o passar do tempo. É, contudo, um processo natural, com o qual há que aprender a conviver.
Os geriatras ainda não chegaram a um acordo quanto aos processos biológicos subjacentes ao envelhecimento. Entre as muitas teorias, destacam-se o conceito de desgaste modelar – com o passar do tempo, os mecanismos de replicação celular tornam-se mais falíveis e começam a surgir os “erros”; a teoria da acumulação de toxinas – o corpo é gradualmente envenenado pela acumulação de substâncias químicas, que vai perdendo a capacidade de expelir convenientemente; e a teoria da falência imunológica – haverá um declínio progressivo no sistema imunitário, sistema de deteção e destruição de microrganismos e tumores em desenvolvimento.
Seja qual for a teoria, o que é certo é que o envelhecimento provoca degenerescência em vários órgãos e tecidos, como a pele, os ossos, as articulações, os vasos sanguíneos e o tecido nervoso. Estas alterações podem, ainda, ser aceleradas por fatores como o tabaco, o consumo excessivo de álcool, uma alimentação deficiente, exercício físico insuficiente e exposição excessiva da pele à luz solar intensa, entre muitos outros.
FATORES GENÉTICOS
No entanto, a existência de pessoas com mais de 90 anos, ainda saudáveis e em boas condições físicas e mentais, que fumaram e consumiram álcool durante toda a vida, mostra que os fatores genéticos são determinantes da esperança de vida.
Tal como a altura de um indivíduo é condicionada pela interação da sua alimentação e do ambiente em que vive com o potencial genético herdado dos progenitores, também o tempo de vida depende, em grande parte, da hereditariedade.
Alterações esperadas
À medida que as pessoas envelhecem, descobrem que a sua capacidade física declina, embora não tanto como, por vezes, se julga. Uma pessoa de 60 anos que sempre praticou exercício físico pode manter cerca de 80% da força física e da resistência que tinha aos 25 anos. Contudo, o declínio natural das funções respiratórias, a partir dos 60 anos aproximadamente, limita o exercício físico. A cicatrização de feridas e a resistência a infeções também declina.
A atividade sexual, a partir dos 60 anos, é muito variável. A abstinência prolongada contribui para a falta de libido e diminuição de potência, enquanto aqueles que sempre se mantiveram sexualmente ativos podem nunca experimentar um declínio na sua vida sexual.
Tal como acontece com a prestação física, algumas das capacidades mentais deterioram-se com a idade. A grande maioria das pessoas com mais de 60 anos tem perdas de memória benignas – redução da memória recente –, tornando-se-lhes mais difícil fixar nomes ou números de telefone, por exemplo. Muitas pessoas acham esta mudança assustadora, mas, de facto, cerca de 80% dos seniores, com mais de 80 anos, mantêm-se intelectualmente válidos.
O envelhecimento e a sociedade
No último terço do século XX, ocorreram mudanças drásticas na estrutura etária das sociedades ocidentais, devido à acentuada diminuição da mortalidade infantil. Hoje, poucos adultos com menos de 50 anos morrem de doença – a morte acidental é, atualmente, muito mais frequente nos adultos jovens do que a morte por doença. Assim, aumentou substancialmente a proporção de pessoas que vivem para além dos 65, bem como a proporção das que vivem para além dos 75 anos. Todavia, cerca de um terço das pessoas com mais de 75 anos sofrem de doenças que restringem, de alguma forma, a sua vida quotidiana.
Leia o artigo completo na edição de outubro 2020 (nº 309)