O envelhecimento é um processo natural que implica alterações nos vários órgãos do corpo humano e o sistema musculoesquelético não é exceção. Várias intervenções podem ser implementadas para prevenir as doenças musculoesqueléticas, mas no caso de estas surgirem também há tratamentos que devem ser prescritos precocemente.

 

Artigo da responsabilidade da Dra. Sofia Duque, especialista em Medicina Interna e responsável pela Consulta de Geriatria do Hospital CUF Descobertas

 

O envelhecimento está associado a maior fragilidade óssea, diminuição das cartilagens, da elasticidade dos ligamentos e da força e massa muscular. Estas alterações aumentam o risco dos idosos desenvolverem doenças musculoesqueléticas, sendo as mais comuns a osteoporose, a osteoartrite e a sarcopenia (perda de massa e força muscular).

MOBILIDADE E INDEPENDÊNCIA FÍSICA COMPROMETIDAS

O sistema musculoesquelético é fundamental para as pessoas realizarem as atividades do dia a dia (rotinas diárias e atividades laborais e de lazer), manterem a mobilidade e a independência física. Por isso, as alterações musculoesqueléticas do envelhecimento são muito valorizadas pela Geriatria, já que podem comprometer a mobilidade, a capacidade física e a autonomia.

Por outro lado, acompanham-se frequentemente de dor intensa e falta de força, condicionado a qualidade de vida e o bem-estar. A limitação física pode levar ao isolamento social e a problemas psicológicos, como a depressão, e problemas nutricionais, desde a obesidade à desnutrição.

Várias intervenções podem ser implementadas para prevenir as doenças musculoesqueléticas, mas no caso de estas surgirem também há tratamentos que devem ser prescritos precocemente. O seu diagnóstico não deve ser atrasado e, dado que algumas destas condições são silenciosas, devem ser rastreadas através de uma avaliação médica especializada e de alguns exames médicos.

OSTEOPOROSE

Como o nome da doença indica – osso poroso –, a osteoporose corresponde à perda da densidade óssea. O osso fragilizado apresenta maior risco de fratura, quando ocorre um acidente traumático, sendo as localizações mais comuns o colo do fémur, as vértebras da coluna e os ossos do braço. Estas fraturas podem condicionar dor aguda e crónica e limitar a mobilidade, a capacidade de marcha e a realização das atividades quotidianas.

A perda de massa óssea inicia-se aos 35-40 anos, de forma mais acentuada e precoce nas mulheres, devido aos fatores hormonais. É depois da menopausa que as mulheres desenvolvem osteoporose, estando recomendado o rastreio com a densitometria óssea a partir dos 65 anos. No entanto, os homens também podem ter esta doença, devendo ser rastreados a partir dos 70 anos.

Nalguns casos, a realização da densitometria pode ser decidida em função do risco individual, consoante a presença de fatores de risco, como os hábitos tabágicos, a história familiar de osteoporose e fraturas, a presença de doenças como a diabetes, doença renal e da tiroide, e a toma de alguns medicamentos.

O risco de quedas é também considerado, tanto mais que este problema é muito comum nos idosos que já apresentam ossos mais frágeis e vulneráveis. A fragilidade óssea pode ser tão acentuada que basta um pequeno trauma para haver uma fratura do colo do fémur, a qual pode ser fatal. Quem já teve uma fratura, terá muito provavelmente osteoporose, e o seu tratamento não deve ser atrasado.

PRESERVAÇÃO DA MASSA ÓSSEA

Para a preservação da massa óssea, há várias intervenções que podem ser implementadas, como o exercício físico, incluindo o treino de força, a ingestão de cálcio e proteínas em quantidades adequadas através da alimentação ou de suplementos prescritos, o aporte de vitamina D (habitualmente requerendo a prescrição médica de suplementos adequados), a restrição do álcool e a suspensão do tabaco. A revisão criteriosa da medicação pode ser fundamental para reduzir o risco de osteoporose, quedas e fraturas.

No caso de a osteoporose ser diagnosticada, além de todas as intervenções mencionadas, existem medicamentos que aumentam a densidade óssea e reduzem o risco de fraturas.

Por fim, mas não menos importante, devem ser revistos e corrigidos todos os fatores de risco de quedas.

Leia o artigo completo na edição de setembro 2022 (nº 330)