As diferenças de sexo e género na doença de Parkinson têm um impacto significativo na progressão da doença, na resposta aos tratamentos e na qualidade de vida dos pacientes. Estas são algumas das conclusões do estudo “Using a sex – and gender – informed lens to enhance care in Parkinson’s disease”, que contou com a participação de investigadores da Egas Moniz School of Health & Science. O estudo reforça a necessidade de uma abordagem personalizada no tratamento da doença, especialmente no que diz respeito às mulheres, que enfrentam desafios específicos muitas vezes negligenciados.
A investigação revela que as mulheres com Parkinson apresentam um início de sintomas motores mais tardio, sendo mais propensas a desenvolver uma variante da doença dominada por tremores. Além disso, têm um risco aumentado de desenvolver discinesias – movimentos involuntários e descontrolados – induzidas por levodopa e de experimentar uma progressão mais rápida dos sintomas. Foi também observado que fatores hormonais, como a menopausa e a exposição à terapia de reposição hormonal, desempenham um papel relevante na doença, embora ainda haja incerteza sobre o seu impacto na progressão e na gravidade dos sintomas.
O estudo destaca o impacto psicossocial da doença, referindo que as mulheres são frequentemente subdiagnosticadas e enfrentam maiores dificuldades no acesso a tratamentos especializados. O estigma e as expectativas de género contribuem para um atraso na procura de ajuda médica, prejudicando o bem-estar e a qualidade de vida das doentes.
“Os resultados evidenciam a necessidade de desenvolver estratégias de saúde adaptadas ao género para garantir que as mulheres com Parkinson recebem um acompanhamento médico adequado e eficaz. Isto inclui desde ajustes na medicação até à criação de programas de apoio específicos”, afirma Josefa Domingos, investigadora e professora na Egas Moniz School of Health & Science.
Os investigadores concluem que é essencial que as diferenças de sexo e género sejam tidas em conta no desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas e na formulação de políticas de saúde pública. Além disso, reforçam a necessidade de maior formação para profissionais de saúde, de forma a garantir um atendimento mais equitativo e eficaz a todos os pacientes com Parkinson.